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Imprensa
EUA esperam ano da virada no seu mercado de trabalho
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Imprensa
Por Brenda Cronin | The Wall Street Journal
É 2014 o ano em que o mercado de trabalho americano começa a engrenar – e será que continua?
O recente fortalecimento do Produto Interno Bruto, da produção industrial e do setor da construção sustenta o impulso da criação de empregos no ano que vem. Esses indicadores também sustentam a possibilidade de, na ausência de um choque econômico, em meados de 2004 o número total de empregos finalmente poder superar seu pico anterior à recessão.
O cenário do mercado de trabalho tem melhorado desde o pior momento da recessão, de 2007 a 2009, mas o progresso tem sido irregular. Em 2013, empregadores criaram uma média de 189 mil vagas por mês, ampliando o ritmo em outubro e novembro, quando abriram 200 mil e 203 mil vagas, respectivamente. Nos últimos dois anos, a taxa de desemprego caiu de 8,3% para 7%, mas a maior parte do declínio se deve a pessoas que pararam de procurar emprego.
O mercado de trabalho recebeu um voto de confiança do Federal Reserve, o banco central americano, que decidiu no início do mês reduzir paulatinamente o programa de estímulo mensal de US$ 85 bilhões, ao julgar que a economia está forte o suficiente para seguir em frente com menos ajuda. Em janeiro, o Fed vai diminuir o estímulo para US$ 75 bilhões e tentará reduzi-lo em US$ 10 bilhões nas suas próximas reuniões.
O presidente do Fed, Ben Bernanke, disse em coletiva depois de anunciar a decisão: ‘Os recentes indicadores econômicos têm aumentado nossa confiança de que os ganhos no mercado de trabalho vão continuar… Com a provável diminuição da restrição fiscal e com sinais de que a despesa doméstica está ganhando força, esperamos que o crescimento econômico esteja forte o suficiente para sustentar a criação de novas vagas.’
Economistas ouvidos na pesquisa mais recente do ‘The Wall Street Journal’ expressaram otimismo semelhante, prevendo que, em média, os EUA devem adicionar cerca de 198 mil empregos ao mês em 2014, estimativa mais elevada desde 2005, quando a pesquisa abordou a questão pela primeira vez. Tal ritmo colocaria o país a caminho para voltar a níveis de emprego pré-recessão antes de julho.
Um mercado de trabalho melhor significa crescimento econômico, devido a um ciclo virtuoso de produção e gastos. À medida que a demanda sobe, os empregadores elevam sua produção para atendê-la, muitas vezes, com contratações. Trabalhadores acham empregos e recebem salário. que pode ser gasto ou economizado.
Esse ciclo parece estar ganhando força nos EUA, onde os gastos vigorosos de consumidores e empresas puxaram o crescimento do terceiro trimestre ao ritmo anualizado de 4,1%, acima da taxa média de 3,3% do pós-Segunda Guerra. A confiança do consumidor ganhou força e a produção industrial superou o pico pré-recessão, ambos sinais favoráveis para contratações.
A demanda reprimida vai estimular a criação de empregos nos setores de manufatura e energia no próximo ano, diz Ward McCarthy, economista chefe da Jefferies & Co. Ele prevê que consumidores e empresas comprarão mais ben duráveis, após adiarem a aquisição de bens de alto valor durante a recessão e a lenta recuperação.
As empresas de pesquisa no setor automotivo JD Power e LMC Automotive preveem que os consumidores gastem um valor recorde, mais de US$ 34 bilhões, em carros novos neste mês de dezembro. Os benefícios das compras de automóveis e aeronaves têm um efeito em cascata, diz McCarthy, pois esses setores estão ligados a muitas outras indústrias e por isso atingem profundamente a economia.
Scott Anderson, economista-chefe do Bank of the West, espera que a indústria, em particular, faça o gasto das empresas subir a um ritmo próximo de 4% em 2014, acima do 2,6% deste ano. ‘A indústria dos EUA é hoje muito mais competitiva globalmente do que há 10 ou 15 anos’, diz, citando a maior produtividade, o boom de energia e a ausência de pressões salariais que afetam alguns países emergentes.
Mesmo os analistas mais otimistas admitem que, se por um lado o mercado de trabalho está no caminho certo, ainda há espaço considerável para melhorar.
Fechar o buraco criado pela recessão no mercado de trabalho é um marco importante, embora ainda deixa o país com mais de seis milhões de empregos a menos do que poderia ter sem a crise. Enquanto isso, ainda há quase três desempregados para cada vaga que é aberta. Isso é menos que os 6,2 desempregados por vaga do fim da recessão, mas acima da taxa de 1,8 do início dela.
‘Uma das implicações mais importantes de ter um mercado de trabalho finalmente chegando na fase de expansão é que vamos começar a absorver o excedente de mão de obra que ainda está perdido por aí’, diz McCarthy. ‘Vai levar um tempo, mas ao menos agora há luz no fim do túnel para ver melhora no salário médio por hora.’
O salário médio por hora praticamente ficou estável, crescendo apenas 2% em novembro em relação a um ano antes, comparado ao crescimento de 3,3% na variação anual antes da recessão.
O número de desempregados de longo prazo, que estão fora do mercado há pelo menos seis meses, ainda chega a quatro milhões e representa 2,6% da força de trabalho. O programa do governo federal de seguro-desemprego, que beneficiava 1,3 milhão de pessoas, foi encerrado neste fim de semana.
A economia como um todo, que ajudou a impulsionar o progresso do mercado de trabalho, também poderia comprometê-lo. Não se espera que o mercado imobiliário sustente o ritmo de ganho recente, à medida que o aumento dos preços dos imóveis e das taxas de juro afastem alguns compradores. A redução do programa de estímulo do Fed pode sair pela culatra. O acordo sobre orçamento em Wa-shington retirou algumas incertezas fiscais, mas o governo vai abordar o teto da dívida novamente no início de 2014.
Há ainda riscos internacionais em abundância, como a fraqueza na zona do euro e o Japão ou o aumento dos preços do petróleo se as negociações para deter o programa nuclear iraniano fracassarem.
Na ausência desses choques ou de outras variáveis, o cenário econômico aponta para um mercado de trabalho à beira de um muito aguardado – e frequentemente previsto – ano revolucionário.