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Protestos de caminhoneiros afetam estradas e transporte público no País
quinta-feira, 24 de maio de 2018
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Em São Paulo, os postos do interior e do Vale do Paraíba começam a ficar sem combustível nas bombas. No Rio, o diesel não chegou às garagens de ônibus, e motoristas enfrentaram filas em vários postos. A paralisação também afetou a entrega dos Correios, que suspenderam temporariamente as postagens.
Após reunião com o governo na tarde de quarta-feira, a associação que representa caminhoneiros (Abcam) decidiu manter a greve. Ainda ontem, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, anunciou que o governo fechou um acordo para eliminar a Cide incidente sobre o diesel. Mesmo com as negociações, os protestos devem continuar.
No fim do dia, a Petrobrás decidiu reduzir em 10% o valor médio do diesel comercializado em suas refinarias, equivalente a R$ 0,2335 por litro para as distribuidoras. Para o consumidor, o impacto pode chegar a uma redução de R$ 0,25 na bomba.
40% dos ônibus não circularão em SP nesta 5ª; rodízio é suspenso
Paralisação dos caminhoneiros afeta abastecimento de coletivos; no Rio, previsão é de paralisação total do transporte na sexta
A paralisação promovida pelos caminhoneiros suspendeu a chegada de óleo diesel para garagens de ônibus de São Paulo e a Prefeitura prevê que 40% da frota, de cerca de 14 mil veículos, não terá combustível para circular nesta quinta-feira, 24, comprometendo o transporte de cerca de 2,4 milhões de pessoas. O rodízio municipal de veículos foi suspenso. Caso o abastecimento não se normalize, o porcentual de coletivos parados deverá aumentar na sexta-feira.
O transporte aéreo também pode ser afetado: a Infraero informou que vem monitorando a situação dos aeroportos, mas a orientação para os passageiros, por ora, é buscar a confirmação de seus voos diretamente com as companhias aéreas, segundo a estatal.
Em São Paulo, a Prefeitura informou que deve ingressar com uma ação judicial para pedir “a suspensão dos bloqueios aos centros de distribuição de combustível” e que as equipes de agentes de trânsito serão reforçadas, sem dar números.
O Metrô, por sua vez, informou que já opera com 100% da frota nos horários de pico. A avaliação dos técnicos da empresa, baseada em dias de greves de motoristas de ônibus, é que o número de passageiros nas linhas poderá ser até menor nesta quinta, uma vez que muitos não conseguirão chegar às estações. Entretanto, uma avaliação a ser feita decidirá se haverá necessidade colocar mais trens em circulação ao longo do dia, especialmente após as 9 horas.
O Estado procurou empresas de aplicativos de transporte, como a Uber, que informaram não prever nenhuma operação especial nesta quinta.
Regiões
Ao todo, 12 das 28 empresas de ônibus que operam na capital devem enfrentar problemas nesta quinta. A zona leste é a região mais afetada, onde seis companhias, que atendem a alguns dos bairros mais populosos da cidade, serão afetadas. A zona norte e a zona oeste terão paralisações em uma empresa cada uma. São viações que atendem a bairros como Morumbi, Butantã, Pirituba, Vila Nova Cachoeirinha e Perus. Na zona sul, são quatro empresas.
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), havia solicitado, na manhã da quarta-feira, 23, que a Prefeitura buscasse medidas judiciais para garantir o abastecimento. Em ofício enviado ao prefeito Bruno Covas (PSDB), a entidade afirma que os estoques de diesel duram só até a próxima sexta-feira, 25.
Aeroportos
A Infraero negou a informação, que chegou a circular nas redes sociais, de que aeroportos já estariam sendo afetados pela falta de distribuição de querosene de aviação. A empresa informou que um relatório interno, produzido na manhã desta quarta-feira, que monitora hora a hora a situação nos aeroportos, havia sido vazado. O material apontava problemas em seis aeroportos que, segundo a empresa, foram sendo resolvidos ao longo do dia.
Entretanto, em nota, a empresa informou que “está em contato com órgãos públicos relacionados ao setor aéreo para garantir a chegada dos caminhões” e que “alertou aos operadores de aeronaves que avaliem seus planejamentos de voos para que cada um possa definir sua melhor estratégia de abastecimento”.
Rio
Na capital fluminense, a previsão é de paralisação total do transporte público na sexta. Nesta quarta, terceiro dia da grave dos caminhoneiros, 40% da frota (de 23 mil veículos) não circulou na região metropolitana do Rio. A previsão para quinta-feira é de que 70% dos ônibus não circulem se os estoques não forem repostos.
"A situação é gravíssima", afirmou o gerente de Planejamento e Controle da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio (Fetranspor), Guilherme Wilson. "Estamos monitorando a situação desde segunda-feira e o problema se intensificou de ontem pra hoje; já sabíamos que haveria indisponibilidade de combustível para operar a frota toda hoje."
As empresas de ônibus abastecem os veículos nas garagens, onde mantêm um estoque de combustível suficiente para, no máximo, três dias de abastecimento total. Nesta quarta-feira, terceiro dia da greve, já começou a faltar diesel. Para tentar driblar o problema, alguns ônibus foram para os postos de gasolina para abastecer. "Mesmo assim, apesar do esforço para manter a operação, só conseguimos botar na rua 60% da frota", explicou Wilson.
Nesta quinta, se nada for feito para a reposição dos estoques, os postos de gasolina tampouco terão combustível para abastecer os ônibus – como ocorreu nesta quarta – e a previsão é que o número de ônibus em circulação caia drasticamente.
"A previsão para sexta-feira é de paralisação total da frota", disse Wilson, lembrando que os ônibus respondem por 85% do transporte público na região metropolitana do Rio.
Para abastecer toda a frota são necessários 2 milhões de litros de combustível por dia, o equivalente a cerca de 70 carretas de diesel cheias.
"A gente entende que a greve reivindica uma política mais justa de preço de combustível, um problema que também nos atinge e atinge o usuário do transporte público", frisou Wilson. "Tivemos um aumento do preço do combustível do ano passado para cá de 40%: isso é fora de qualquer parâmetro relacionado à variação de custo de qualquer setor."