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São Paulo (SP): Com queda no consumo, Santana antecipa parada de suas fábricas
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
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Espremida entre os altos preços do algodão e a desaceleração das vendas de jeans no varejo, a fabricante de tecidos para jeans (denim) Santana Textiles teve na segunda metade do ano um dos piores períodos de sua história. A empresa decidiu antecipar e prolongar a parada para manutenção de suas fábricas. Para ‘se proteger’ dessas situações e das dificuldades da indústria têxtil no Brasil, a companhia inaugura, no início de 2012, operações independentes nos EUA.
‘Nunca tinha visto isso. O terceiro trimestre, que era para ser um pico, foi muito ruim’, afirmou ao Valor o diretor de planejamento da Santana Textiles, Antônio Sampaio.
O executivo conta que, no início do ano, o cenário estava positivo. Havia uma alta demanda por tecidos por parte das confecções de jeans, que queriam fazer um estoque diante do avanço dos preços do algodão. O processo de estocagem como hedge (proteção) das empresas se deu até o fim do primeiro trimestre. A partir de abril, no entanto, um novo movimento teve início: o aumento das importações estava absorvendo grande parte das vendas no varejo que, por sua vez, apresentou forte desaceleração.
‘O varejo começou a cancelar pedidos, postergar entregas’, contou Sampaio. Estocadas, as confecções não tinham como desovar o material e pararam de comprar tecidos. Deste modo, as vendas da empresa ficaram praticamente constantes entre o segundo e terceiro trimestre, sendo que, sazonalmente, o período de julho a setembro é o que recebe grande parte dos pedidos do ano, quando as empresas se preparam para as vendas de Natal.
Para o quarto trimestre, a Santana prevê recuo de 25% nas vendas. Em outubro e novembro a empresa operou utilizando 70% de sua capacidade. Esse patamar, segundo o executivo, é muito próximo do ponto no qual a receita cobre apenas os custos da empresa. Em dezembro, a Santana passou a utilizar apenas 40% da capacidade.
Diante do cenário negativo, a Santana está com duas, de suas três fábricas paradas. As operações nas unidades de Fortaleza (CE) e de Natal (RN) foram interrompidas no início de dezembro e deverão assim permanecer até o início de janeiro. Normalmente, as paradas aconteciam por quinze dias, entre o fim de dezembro e o começo do ano. A unidade de Rondonópolis (MT), por outro lado, segue os planos normais de operação.
Hoje, a capacidade total da companhia no Brasil soma cerca de 75 milhões de metros de tecidos por ano, sendo que cerca de metade vem da unidade de Fortaleza. Mais de 2,3 mil pessoas são empregadas pela empresa no Brasil.
‘Esse foi um ano difícil. Perdemos entre 7% e 8% do volume de vendas, frente a 2010’, explicou o executivo. O que limitou as perdas foi a possibilidade de repassar os preços do algodão para as confecções, além do foco nas vendas de produtos de maior valor agregado, com a Santana se voltando mais para as classes C+ e B.
Para ampliar sua atuação e, por consequência, as possibilidades de ganhos, a Santana está indo para o Estado do Texas, nos EUA, no ano que vem. Lá a empresa constrói uma nova fábrica, cuja primeira linha deve entrar em operação no primeiro semestre.
O projeto envolve quatro fases (quatro máquinas) e, quando concluído, terá capacidade de 5 milhões de metros de tecidos por mês, um pouco menos do que a empresa tem hoje no Brasil. O projeto completo exige um desembolso de US$ 150 milhões, a serem, em sua maioria, financiados. Com a expansão, a empresa estima um acréscimo de US$ 300 milhões no seu faturamento, que neste ano deve somar R$ 677 milhões.
A Santana começou em 2008 a colocar os pés fora do país. A empresa tem uma fábrica na Argentina, cuja capacidade soma cerca de 1,5 milhão de metros de tecidos por mês. ‘Não queremos que essas operações sejam prejudicadas pelos brasileiros. Por isso elas são independentes’, enfatizou Sampaio.
No início do ano, as projeções da empresa sobre os resultados apontavam para faturamento bruto de R$ 800 milhões. Em 2010, somou R$ 540 milhões.