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Trabalho doméstico remunerado; estudo produzido por DIEESE
segunda-feira, 28 de abril de 2025
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Trabalho doméstico remunerado; estudo produzido por DIEESE destaca o papel crucial das trabalhadoras domésticas no contexto da crise dos cuidados
Trabalho doméstico: o perfil majoritário é de mulheres (93,5%), negras (68,5%), acima de 45 anos (54,2%) e com baixa escolaridade — 62% têm até o ensino médio incompleto – Foto: Carol Melo/Fenatrad
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) publicou o Boletim Especial, trazendo uma análise aprofundada sobre o tema “As Dificuldades do Trabalho Doméstico Remunerado no Brasil”.
A publicação destaca o papel crucial das trabalhadoras domésticas no contexto da crise dos cuidados, evidenciando a persistência da precarização e das desigualdades históricas nesse setor.
O boletim aborda como o trabalho doméstico remunerado, historicamente associado às mulheres, especialmente negras, ganhou nova visibilidade a partir da chamada “crise dos cuidados”.
Esse fenômeno decorre do envelhecimento populacional, da maior participação feminina no mercado de trabalho e da redução da oferta de serviços públicos de bem-estar social.
No Brasil, a Política Nacional de Cuidados foi destacada como tentativa de reconhecer o cuidado como direito social, mas a realidade ainda demonstra forte sobrecarga familiar, principalmente sobre as mulheres.
De acordo com dados da PNAD Contínua (IBGE), cerca de 5,9 milhões de pessoas estavam ocupadas em serviços domésticos no final de 2024.
O perfil majoritário é de mulheres (93,5%), negras (68,5%), acima de 45 anos (54,2%) e com baixa escolaridade — 62% têm até o ensino médio incompleto.
Apesar da predominância de serviços gerais, há uma tendência de aumento na especialização em cuidados pessoais e de crianças.
O estudo revela que o trabalho doméstico remunerado continua marcado pela informalidade e baixos salários.
A média salarial é de R$ 1.252,00, inferior ao salário mínimo vigente (R$ 1.412,00), sendo ainda menores entre mulheres negras.
Apenas 24,4% das trabalhadoras possuem carteira assinada, e apenas 34,8% contribuem para a Previdência Social.
A informalidade é agravada entre diaristas, que representam 45,4% da categoria e, em geral, possuem jornadas inferiores a 40 horas semanais, muitas vezes insuficientes para garantir uma renda digna.
O boletim aponta uma especialização crescente, com aumento do número de cuidadoras pessoais e de crianças, especialmente no período da pandemia de Covid-19.
No entanto, essa mudança de perfil não foi acompanhada por melhores condições de trabalho. Cuidadoras, embora em maioria mensalistas, ainda atuam majoritariamente sem carteira assinada, sem proteção previdenciária e com jornadas extensas.
O trabalho doméstico remunerado no Brasil permanece essencial, mas estruturalmente desvalorizado.
A especialização em atividades de cuidados não alterou o padrão de precarização, nem a forte marca de gênero e raça que caracteriza a categoria.
O estudo do DIEESE reforça a necessidade urgente de políticas públicas que garantam direitos trabalhistas, proteção social e valorização real para essas trabalhadoras, fundamentais para o funcionamento das famílias e da sociedade brasileira.
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