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Imprensa
Washington (EUA): Mão de obra industrial é uma das mais baratas entre 34 países
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
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Os dados corroboram as críticas feitas pela industria de que a valorização contínua do real retira competitividade das exportações brasileiras. Mas eles também indicam que a mão de obra segue mais barata no Brasil do quem em muitos dos parceiros comerciais e que a falta de competitividade se deve também a outros fatores, que afetam a produtividade, e não apenas ao câmbio.
O Brasil tem custo de mão de obra industrial maior que apenas 6 dos 34 países incluídos na amostra, entre eles a Polônia (US$ 8,01 a hora) e o México (US$ 6,23). O custo mais baixo é nas Filipinas, com US$ 1,90 a hora. Por deficiências estatísticas, o levantamento não inclui Índia e China, mas as indicações são de que nesses países os custos são bem mais baixos do que no Brasil.
O Departamento do Trabalho divulga todos os anos uma comparação internacional dos custos de mão de obra para checar como os Estados Unidos estão em relação aos seus principais competidores. A conclusão é que, entre 1997 e 2010, a competitividade americana melhorou em relação a todos os demais 33 países, com exceção de Brasil, Alemanha, Japão, Filipinas e Taiwan.
O custo mais alto de mão de obra é o da Noruega, com US$ 57,53 por hora, num conceito que inclui salários pagos aos trabalhadores e benefícios. Nos Estados Unidos, o custo médio é de US$ 34,74 a hora, o que representa mais de três vezes o custo de produzir no Brasil. A Argentina tem custo pouco mais alto que o Brasil, com US$ 12,66 a hora.
Em reais, o custo de mão de obra industrial no Brasil subiu 9% em 2010, afirma o relatório, chegando a R$ 17,75 por hora. O impacto mais forte no encarecimento da mão de obra foi pela valorização do dólar, de pouco mais de 11%. O Departamento do Trabalho usa a cotação media do dólar nos seus cálculos, que foi de R$ 1,76 em 2010. O real se enfraqueceu recentemente, mas a média das cotações no ano ainda é mais valorizada do que no ano passado, em R$ 1,67, segundo dados do Banco Central.
A Argentina foi o país em que os custos de mão de obra industrial mais subiram em 2010, com uma alta de 25%. A estratégia do país vizinho é garantir competitividade por meio de uma moeda desvalorizada. Muitos economistas advogam que o Brasil adote uma política semelhante. De fato, o câmbio não pressionou o custo de mão de obra industrial na Argentina. A perda de competitividade ocorreu sobretudo pela inflação e aumento real. Os salários em peso subiram 31% em 2010.
Uma grande lacuna do relatório é a falta de dados sobre a China e a Índia. O Departamento do Trabalho apresentou alguns números para dar uma ideia sobre a evolução do custo de mão de obra na China, que seria de US$ 1,36 por hora em 2008, e na Índia, que seria de US$ 1,17 por hora em 2007. O relatório enfatiza, porém, que devido a diferenças metodológicas, os dados não são diretamente comparáveis aos apresentados para as demais economias.
O câmbio explica muito do aumento do custo da mão de obra industrial no Brasil nos últimos anos. Entre 2002 e 2003, por exemplo, o real sofreu aguda desvalorização ante o dólar, chegando à cotação média em torno de R$ 3,00, e o custo de mão de obra atingiu o equivalente a 11% do custo nos EUA. Hoje, equivale a 29%. No caso da Argentina, o problema maior é a alta dos salários nominais, puxada sobretudo pela inflação. Em 2002, o custo de mão de obra equivalia a 11% do dos EUA. Hoje, equivale a 36%.