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1917: a 1ª Greve Geral no Brasil
terça-feira, 8 de agosto de 2017
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Neste ano comemoramos 100 anos da Greve Geral de 1917, a primeira no Brasil, ocorrida no período de formação da classe trabalhadora urbana, poucas décadas após a abolição da escravatura e simultânea à chegada de imigrantes europeus ao País.
Da bibliografia sobre o tema destacamos o livro de Paula Beiguelman, Os Companheiros de São Paulo; O Ano Vermelho, de Moniz Bandeira, Clovis Melo e A.T. Andrade; e o recém-lançado A Greve de 1917, os Trabalhadores Entram em Cena, de José Luiz Del Roio.
A situação dos trabalhadores de então era marcada pelo emprego de mulheres e menores em larga escala, pelas precárias condições de trabalho nas fábricas – não havia ventilação, a iluminação era irregular, as instalações sanitárias eram quase sempre sujas e fétidas, as mutilações eram frequentes – e pela resistência da burguesia na concessão de benefícios mínimos. O custo de vida aumentava dia a dia e toda a produção era vendida para a Europa, então em guerra.
O quadro não poderia dar em outra coisa que não um grande embate entre trabalhadores e patrões, envolvendo toda a sociedade por cerca de um mês. O movimento atingiu diversas categorias e contou com a participação de mais de 40 mil trabalhadores.
Em 15 de julho a greve foi encerrada com a conquista de 20% de reajuste e promessas do governo da libertação dos presos durante o conflito e da fiscalização do trabalho de menores e mulheres. Mas foi só o movimento se assentar que patrões e governo retiraram as conquistas. O ganho político e a experiência em organização eles não puderam retirar, e o movimento desencadeou uma onda de greves no País que durou até 1920, revelando a emergência de um forte movimento operário.
O Brasil de hoje difere muito do de 1917. A desigualdade social ainda trava o desenvolvimento do País, mas a situação dos trabalhadores não se compara à miséria que levou à greve geral. O amadurecimento das instituições políticas e sindicais separa o trabalhador de hoje daquele de 100 anos atrás. Contudo, lá estava o embrião da organização operária brasileira.
João Carlos Gonçalves – Juruna
Secretário-geral da Força Sindical e vice-presidente dos Metalúrgicos de São Paulo