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365 dias de lutas e conquistas
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
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O ano de 2011 foi marcado por muitas lutas e conquistas sindicais. Para nós, da Força Sindical, foi um ano especialmente importante, pois chegamos aos nossos vinte anos de existência. E aproveitamos a data para fazer um balanço de nossa história e resgatar o sentido de nossas ações.
As atividades relativas aos vinte anos da Força Sindical aconteceram durante todo o ano. A grande festa de comemoração deste aniversário, no dia 24 de março, iniciou estas atividades.
Entendendo que um dos pilares da democracia é a pluralidade de idéias, durante vários meses promovemos um ciclo de debates em nossa sede. As discussões, como forma de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, focaram em temas como: o sindicalismo no Brasil nos últimos 20 anos; a participação do negro no mercado de trabalho; aposentados e previdência social; o avanço das mulheres na sociedade e no movimento sindical; juventude e trabalho; combate ao trabalho infantil; saúde e segurança no trabalho; globalização e organização sindical internacional; qualificação profissional; e campanhas e negociações.
Com o intuito de ampliar o debate e preservar a memória, lançamos o livro “20 anos de lutas— A história da Força Sindical”, em 17 de outubro. No livro, prefaciados pelos ex-presidentes FHC e Lula, sistematizamos a nossa trajetória, levantando pontos fundamentais para reflexão, oferecendo nossa contribuição para a História.
O livro relata, por exemplo, que na década de 1990, o Brasil vivia muitas mudanças na relação entre capital e trabalho. Aquele foi um período de enfrentamento e divergências entre as Centrais Sindicais e, neste sentido, entidades intersindicais, como o Dieese e o Diap, exerceram papel um fundamental, zelando pelo diálogo produtivo e união de forças, reversíveis em conquistas para os trabalhadores.
Também apontamos que as principais conquistas sindicais ocorridas nestes vinte anos resultaram de ações e mobilizações unificadas entre sindicatos e Centrais Sindicais. E que, desde sua fundação, a Força Sindical é uma das maiores incentivadoras desta unidade de ação. É importante ressaltar, neste ponto, que o lançamento da “Agenda para um Projeto Nacional de Desenvolvimento”, na 2ª Conclat, que reuniu mais de 30 mil companheiros, em junho de 2010, no estádio do Pacaembu (SP), consagrou a bem sucedida unidade das centrais.
Esta Agenda propõe as linhas fundamentais para nossa ação sindical, tendo como princípio as soluções coletivas e a qualidade de vida do trabalhador. Sob estas premissas ela abrange as questões da distribuição de renda, da revogação do fator previdenciário, do investimento na educação pública, do Sistema Único de Saúde (SUS) e do crescimento econômico, pautando-se pelo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Abrange também a questão da solidariedade e cooperação internacionais e do desenvolvimento sustentável. Sobre questões trabalhistas, a Agenda destaca a bandeira da redução da jornada de trabalho e a luta pela regulamentação da Convenção 151 e pela ratificação da Convenção 158 da OIT.
Nossas principais atividades deste ano foram balizadas por esta Agenda. Dentre elas destaco o 1º de Maio unitário e, sobretudo, a Jornada Nacional de Lutas em todos os Estados, que culminou com a passeata do dia 3 de agosto, em São Paulo, considerada a maior manifestação ocorrida no ano no Brasil.
Mas, quero também enfatizar neste texto, além da importância prática e operacional da “Agenda para um Projeto Nacional de Desenvolvimento”, sua importância simbólica.
É claro que nós da Força Sindical estamos comprometidos em continuar a lutar pela implementação destas resoluções, nos empenhando em aprimorá-las e adaptá-las no seu devido tempo.
No dia a dia da Central nós aprendemos a lidar com produtivo desafio de ouvir, debater e extrair, democraticamente, idéias e resoluções de diversas tendências partidárias.
Desta forma demonstramos que a pluralidade não só é possível, como é necessária e realista. Esta condição, esta capacidade de conviver com a diferença, sempre nos ajudou a realizar atividades com outras centrais.
Por isso, mais do que 365 dias de lutas, 2011 representou a síntese e o resultado de vinte anos de uma história de crescimento e de representatividade dos trabalhadores.
Hoje conseguimos intervir em decisões políticas e temos um forte poder de pressão sobre as empresas por salários e melhores condições de trabalho. Se o atual cenário sócio econômico brasileiro é aquecido, otimista, apresentando índices de crescimento, muito se deve à ação das centrais sindicais. Nossas reivindicações respondem aos anseios populares e revertem-se em benefícios para toda a população.
Neste ano nós tivemos experiências positivas. Mas vale lembrar que estamos, neste momento, sob a ameaça dos reflexos da crise econômica europeia. Por isso, devemos retomar o espírito de resistência que assumimos em 2008, no enfrentamento da crise econômica que eclodiu da Bolsa de Nova Iorque para o mundo.
Agora é a hora de apostar com mais intensidade no crescimento da ação unitária, no fortalecimento de todas as centrais sindicais e na luta pela implementação da “Agenda para um Projeto Nacional de Desenvolvimento”.
João Carlos Gonçalves (Juruna) é Secretário Geral da Força Sindical