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A compreensão do passado para a construção de um futuro melhor
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
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A partir de 1750, na Inglaterra, com o surgimento das fábricas, o mundo passou por uma grande transformação em seu modo de produção. Sob esse novo sistema, os meios de produção foram migrando dos campos e oficinas, onde se realizam trabalhos de forma artesanal para grandes galpões.
Assim, homens, mulheres e crianças foram inseridos num sistema de produção onde teriam que respeitar horários, cumprir metas e seguir normas. Por isso essas alterações nas relações dos homens em sociedade foram tão profundas que denominamos esse processo histórico da humanidade como Revolução Industrial.
Principalmente os mais jovens devem estar se perguntando neste momento: mas o que tem a ver a minha vida, no Brasil, em pleno ano de 2013 com histórias sobre transformações que aconteceram há mais de 250 anos na Inglaterra?
Ainda que nos pareça distante, a verdade é que a história do homem em sociedade é uma sucessão de acontecimentos interligados entre si. Os elementos da Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, na Europa, ainda estão muito presentes em nossas vidas.
Fato que avançamos quanto aos direitos dos trabalhadores e os métodos de gerenciamento tenham evoluído no sentido de otimizar a produção, porém é preciso compreender que a estrutura, o conceito de fábricas, em essência, ainda são os mesmos das estabelecidas há mais de dois séculos.
Os operários, uma nova classe social – Com as fábricas também surgiram os operários.
No início da Revolução Industrial não existiam leis em defesa do trabalhador. Deste modo, homens, mulheres e crianças eram submetidos, dentro outros abusos, a jornadas de trabalhos que chegavam até a 16 horas diárias.
Não havendo legislação, os direitos dos operários só foram sendo conquistados a partir do momento em que os trabalhadores passaram ser organizar em grupos para lutar melhores condições.
Essa luta por trabalho decente e, consequentemente, de vida deu origem aos Sindicatos. As entidades de trabalhadores surgiram a partir do momento em que os operários compreenderam que somente unidos em torno de um ideal é que conseguiriam melhorias em suas vidas.
A luta e os operários no Brasil – Extensão da transformação ocorrida na Europa, o processo de industrialização no Brasil aconteceu, principalmente, entre o final do século XIX até meados de 1930.
É preciso considerar que o Brasil era constituído basicamente por mão de obra escrava (a abolição da escravatura só veio a acontecer 1888). A partir deste momento é que se iniciou, mais sistematicamente, o processo de alteração no modo de produção, partindo da mão de obra escrava para o trabalho assalariado.
Ainda que controverso o tema, a “industrialização” brasileira também provocou grandes transformações sociais. Em realidade, os trabalhadores estavam separados por continentes, no entanto, tanto europeus quanto brasileiros seguiam as mesmas lógicas de mercado.
A luta por direitos, no Brasil, é marcada profundamente pela imigração – mesmo com o registro de várias manifestações antes deste período. Com uma sociedade baseada na escravidão, as novas indústrias não encontravam mão de obra especializada para executar as funções exigidas. Deste modo, os empresários passaram a importar mão de obra estrangeira.
E foi assim que muitos italianos, portugueses, alemães, espanhóis, japoneses aportaram no Brasil em busca de trabalho.
Não precisamos ir muito longe para constatar esses fatos. Basta olharmos para a história de Piracicaba, para a nossa gente, que encontraremos milhares de descendentes na formação de nosso povo.
Mas os imigrantes não trouxeram consigo somente suas malas de roupas, trouxeram também na bagagem os ideais das lutas por melhores condições de trabalho. Afinal, a história da luta entre classes já era uma realidade, principalmente na Europa, desde 1750.
A chegada dos imigrantes ao Brasil trouxe o ideal de luta por melhores condições. Assim surgiram as associações e sindicatos de trabalhadores, que passaram também a reivindicar seus direitos.
A primeira formatação de legislação trabalhista brasileira surgiu, com força, em 1943 com a criação da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, que completa 70 anos em 2013. Do ponto de vista histórico, o Brasil ainda é um país em desenvolvimento quanto aos direitos trabalhistas.
Se hoje lutamos pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução salarial; a essência é a mesma daqueles trabalhadores que lutavam pela redução da jornada de 16 horas diárias.
Se hoje avançamos em nossos direitos, como cidadãos e trabalhadores, por transporte decente, fim dos assédios moral e sexual, equiparação de salários entre homens e mulheres, contra o trabalho infantil, refeitórios, vale-alimentação, PLR – Participação nos Lucros e/ou Resultados, reajustes salariais, adicionais sobre riscos, Férias, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), direito ao lazer, descanso remunerado aos sábados e domingos, aposentadoria, dentre tantos outros, não foram os empresários que deram esses benefícios. Eles foram conquistados pela luta e união dos trabalhadores.
Todos os direitos que os trabalhadores possuem hoje são consequências de muita luta, de organização dos operários em sindicatos. Uma luta em que muitos morreram para garantir melhores condições de trabalho e de vida, mas que ainda muitos jovens desconhecem a história e, por isso, não compreendem que só vamos construir um país melhor, uma sociedade mais igualitária, com distribuição de renda justa, cidadania plena se nos unirmos em nossas causas coletivas.
José Luiz Ribeiro é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e Vereador em Piracicaba-SP. E-mail: presid@stmp.org.br