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A crise em 3 tempos
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
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É tarefa fundamental do movimento sindical resistir a qualquer tentativa que vá contra o trabalhador. Ao demitir, os patrões argumentam que tomam essa atitude porque as demissões são necessárias diante da crise econômica.
Atitudes como essas demonstram falta de sensibilidade social do empresariado. Cortar direitos e postos de trabalho têm sido a tônica. Parece o discurso de uma nota só. Dá a impressão de que não há outra alternativa.
Entendemos que emprego é garantia de estabilidade econômica, e que sem consumo não há produção e a economia estagnada é uma tragédia. É ruim para todo mundo, tanto para o empregado quanto para o empregador, todos perdem.
Instituímos como regra não aceitar em hipótese alguma a demissão de trabalhadores, porque o prejuízo para o país será muito grande. Emprego é questão de estabilidade econômica e social. Quando a empresa demite, o trabalhador e todos os que dependem dele deixam de consumir. Sem consumo não há produção e sem produção a economia pára. Mas há outro aspecto a se considerar. Uma demissão significa prejuízo também para as três esferas do governo: a municipal, a estadual e a federal.
Vamos começar pela cidade, que é onde moramos. Um trabalhador desempregado significa um posto de trabalho a menos e o recolhimento do Imposto sobre Serviços, o ISS, cobrado da empresa, ao ser menor inevitavelmente diminuirá o caixa da prefeitura. Sem receita, a municipalidade deixará de investir em serviços essenciais para todo cidadão.
No plano estadual, com o desemprego o Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços, o ICMS, diminuirá porque não há por que cobrar se não há circulação. Não tendo como arrecadar, o caixa do Estado será menor e, com isso, as obras planejadas ficarão para outra época.
Partindo para outra esfera, a federal, os impostos sobre a pessoa física e sobre a pessoa jurídica sofrerão duro golpe, porque desempregado não paga imposto, assim como a indústria também deixa de pagar porque não já haverá razão nenhuma para isso.
Ao sacar o Fundo de Garantia para pagar o seguro desemprego, devemos lembrar que esse dinheiro deixará de financiar a compra da sonhada casa própria. O setor da construção civil com toda sua cadeia produtiva sentirá os efeitos perversos de uma demissão de trabalhador.
Sem trabalho é natural que o consumo seja reduzido. Se já está difícil viver com salário, imagina um trabalhador desempregado frente a uma crise que se mostra pior do que imaginávamos quando começou, nos Estados Unidos.
A crise é ruim para a economia, mas pior ainda o ponto de vista social, com reflexos perversos para o trabalhador. É hora, portanto, de manter a todo custo os postos de trabalho e para isso será necessário o empenho de todos.
Miguel Torres
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo