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A dignidade não se negocia
terça-feira, 22 de setembro de 2015
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Para o bem ou para o mal somos novatos e iniciantes nesse processo democrático que, como estamos vivendo, não nasce pronto, vai acontecendo, amadurecendo, tornando-se algo sempre difícil de ser acolhido e visto.
Mas o que é mesmo essa tal democracia? É um tipo de estado em que os processos políticos e sociais acontecem de maneira representativa. Isso se dá nas associações, nos sindicatos, nas escolas, nas empresas, nos órgãos públicos e, também, na política.
Posta uma situação, as pessoas se conversam, fazem conchavos, estabelecem parâmetros e acabam chegando em um consenso da maioria. Os perdedores dessa batalha precisam aceitar e se articular para conseguirem se manter em pé e tirar algum proveito das situações que serão colocadas a cada um dos atores dessa odisseia chamada democracia.
Mas, como iniciantes que somos, não estamos acostumados a vivenciar a democracia pelo seu lado mais bonito e transparente, aquele que permite o posto e o deposto. Estamos habituados à democracia-manipulada, a democracia-distorcida. Àquela que emerge das profundezas humanas travestidas de uma organizada administração capaz de manter a tudo sob um pulso forte, sem pontos fora da curva.
Mas, insisto, democracia não é isso. Os pontos fora da curva acontecem, os erros humanos surgem desprovidos de qualquer maquiagem. A manipulação neste caso, só consegue falsear a realidade, distribuir cargos, assentar a poeira normalmente com dinheiro público e escândalos vertiginosamente escandalosos.
Se compararmos a atual presidência com seus antecessores, veremos o retrato claro e explícito de um e de outro modelo. O barbudo político experimentado nas lides do mundo, fora capaz de levar o Brasil adiante, com pulso firme, presença aclamada até mesmo pelos inimigos. Cargos, dinheiro e tapas nas costas rolaram solto por essas bandas, mas todos tinham em si, uma confortável sensação, mais precisamente uma “sensassância”, como diria uma poeta amigo meu, de que, tudo estava sob controle.
E Dilma, talvez aquela que mais acredite na democracia, dentre todos aqueles que a circundam, de tão crente nesse processo de construção democrática, não consegue salvar-se a si mesma, da ladeira íngreme e impiedosa a que se lançou. O Brasil, terra grandiosa, por seu tamanho e importância, não caberá no buraco do abismo. Salvar-se-á. Mas sua condutora, de mal a pior, apequena-se e, essa sim, é a perigosa circunstância que será capaz de retirá-la do poder e de lançá-la nas profundezas da vergonha petista.
Não se trata de exaltar a grandeza democrática em detrimento da honradez e da ética. Os erros devem e precisam ser punidos. Muitos países passaram pela vergonhosa situação da corrupção declarada. Poucos foram capazes de apurá-la até o final. Retirar alguém do governo por sua desidiosa gestão parece razoável em qualquer empresa e, porque não, em qualquer país? Não se trata de golpe, trata-se do cumprimento das leis, da busca pela justiça, da prevalência da dignidade sobre toda e qualquer tentativa de manipulação.
Muitos acreditam que o Brasil não vai mudar. Que a política não traz em si a desejada esperança. Eu ainda acredito em pessoas melhores. Isso sim, fará um Brasil diferente e digno de sua gente.
Dra. Tonia Galleti é coordenadora do Departamento Jurídico do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical, Mestre em Direito Previdenciário e professa universitária. Contatos: toniagaleti@uol.com.br