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A força da democracia
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
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Quando o País cresce, gera empregos e distribui renda, ninguém ousa questionar o regime democrático. Porém, basta uma crise mais prolongada, surgem os aventureiros com soluções contrárias à nossa Constituição.
Minha geração conhece a democracia e a ditadura; conhece também épocas de crise e períodos de crescimento. Temos, portanto, o dever de saber que não existe solução mágica. Não existe homem, fardado ou paisano, capaz de conduzir sozinho um país. Os rumos da Nação devem ser definidos pelo povo e os poderes constituídos.
Um dos erros dos que conviveram com a ditadura é não ter esclarecido os mais jovens sobre o que é viver num regime de opressão, sem liberdade de pensar, de agir, de se reunir ou, simplesmente, sem o elementar direito de votar.
As novas gerações precisam saber que, em determinado período da história recente, pessoas eram vigiadas, presas, exiladas, torturadas ou mesmo mortas por discordar da forma de governo ou combater os governantes. O caso mais notório é o do jornalista Vladimir Herzog, que compareceu ao Dops para depor e lá morreu sob tortura. Vale lembrar que o regime simulou suicídio, forjou laudo médico, mas acabou desmascarado pela heróica resistência do Sindicato dos Jornalistas.
Penso que nós, do movimento sindical, também não fizemos ao longo do tempo a lição de casa de demonstrar aos jovens as vantagens do regime democrático. Muitos dos direitos que temos hoje só existem porque a democracia restabeleceu o direito de organização, de reunião e de ação sindical. Sem isso, estaríamos ainda muito mais atrasados.
A construção da democracia é um processo lento, complexo e coletivo. Isso depende, em muito, de que a sociedade crie, preserve e irradie os valores democráticos; que a mídia também faça seu papel e valorize os direitos individuais e coletivos. Aliás, temas como democracia, liberdade e Estado de Direito deveriam ser matéria escolar obrigatória e pauta constante da nossa imprensa.
Em todos os meus anos de militância sindical, nunca vi trabalhador questionar a democracia. Vejo, sim, reclamações quanto a salário baixo, desemprego, insegurança no trabalho, corrupção e má qualidade de serviços públicos. Essas queixas são justas e devem orientar a nossa conduta sindical. Até porque o povo quer viver num País desenvolvido, com emprego, renda, cultura, educação, segurança, inclusão social e oportunidades. E isso só é possível no regime democrático.
Não tenhamos ilusões quanto a regimes de força. Forte deve ser a democracia.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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