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A força da política
quinta-feira, 17 de março de 2016
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A política e os políticos foram os grandes alvos dos protestos do domingo (13) em quase todo o País. Parte significativa da população está cansada de desmandos, serviços públicos ruins, impostos altos, economia paralisada e, acima de tudo, de corrupção em larga escala.
Os protestos são legítimos e aconteceram pacificamente. Quase não houve incidentes, o que demonstra o caráter democrático das manifestações.
A imensa multidão nas ruas nos obriga a perguntar quais as razões dos protestos. Elas existem e são muitas. Me parece que a principal contestação é quanto à forma de governar. Os governos estão distantes do povo, tomam decisões em gabinetes e não dialogam com as forças vivas da Nação.
Alguém poderá alegar que o objetivo central dos protestos foi a corrupção. É verdade. Mas a corrupção decorre em muito do modo de governar para atender compromissos com as cúpulas partidárias, os financiadores de campanhas e o grande capital, especialmente do financeiro.
Não há, até agora, prova concreta contra a presidente Dilma, no que diz respeito à corrupção. Mas as críticas a seu modo de governar são gerais. Dilma vive fechada em seu mundo e não dialoga com ninguém, principalmente com o setor produtivo e o movimento sindical. Essa falta de iniciativa paralisa o governo, agrava a recessão e amplia a crise política.
Seria injusto dizer que Dilma e seu partido criaram os problemas atuais – até porque corrupção e serviços públicos ruins são pragas antigas no País. Mas não há como livrá-los de responsabilidade. Nem sei quantas vezes as Centrais sindicais mostraram os estragos da política de juros, denunciaram medidas recessivas e cobraram uma política econômica desenvolvimentista. Não adiantou.
O desgaste do governo e a corrupção política são massificados a cada minuto na mídia. A pretexto de denunciar o que está errado, isso vai gerando um enorme descrédito na própria política. Ou seja, despolitiza as pessoas. Quem observar as imagens da avenida Paulista praticamente não verá jovens. O que é isso? É resultado desse desgaste e do descrédito na ação política.
Isso seria ruim em qualquer época, mas é particularmente grave num ano de eleições, quando o eleitor vai escolher quem vai dirigir os interesses locais, cuidar do dinheiro público, fazer obras de interesse social e planejar o futuro do município. O descrédito na política inibe o debate e nós já vimos esse filme. Em 1989, foi num ambiente desses que a Globo criou o caçador de Marajás e o Brasil elegeu Collor de Mello, quando tínhamos candidatos do porte de Brizola, Ulysses Guimarães e Mário Covas.
Comecei minha militância contra a ditadura. Desde então, vi políticos criarem muitos problemas, mas não vi nenhuma solução efetiva que não passasse pela própria política. Combater os maus políticos, sim. Mas, jamais, cair no erro de desmoralizar a política.
Este erro é o de fazer o jogo das elites, que querem cada vez mais um povo despolitizado, para que eles continuem dominando.
José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Face: www.facebook.com/PereiraMetalurgico
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com