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A história ensina
quarta-feira, 13 de abril de 2016
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Os governos passam, o País continua. As crises surgem, afetam a economia, provocam desemprego, derrubam a confiança dos investidores, mas elas também passam.
Não é novidade que o Brasil vive uma fase de grave crise política e forte recessão. Não é a primeira nem será a última. O importante é preservar a democracia e somar as forças para a superação da má fase.
Para os que se surpreendem com a crise atual e acham que isso é novidade, vale observar o que ocorreu entre 1954 e 1964. Em agosto de 1954, Getúlio foi injustamente acusado de “mar de lama” e cometeu suicídio, provocando um grande trauma nacional.
Em 1955, o Brasil deu 35,68% dos votos a Juscelino, e tudo indicava que haveria paz. Mas o presidente mineiro foi duramente combatido, inclusive com acusações de corrupção. Em dezembro de 1959, setores militares tentarem derrubar o governo eleito – na chamada Revolta de Aragarças.
A radicalização política estimulou o populismo e, assim, em 1960, Jânio Quadros (seu símbolo era a vassoura pra varrer a corrupção) foi eleito com 48,26% dos votos. Instável e contraditório, Jânio renunciou à presidência em agosto de 1961, quando Jango, seu vice, estava na Ásia.
Os radicais de direita não deixaram Jango assumir. Em oito dias, o Congresso aprovou a mudança do regime de governo, implantou o parlamentarismo e Tancredo Neves virou primeiro-ministro. A crise persistiu, mas, em janeiro de 1963, Jango e Brizola conseguiram larga vitória no plebiscito que restabeleceu o regime presidencialista.
O retorno do regime não curou as feridas. A direita radicalizou suas ações, parte das Forças Armadas adotou a tese do golpe, o governo dos Estados Unidos investiu na desestabilização e em 31 de março de 1964 aconteceu o golpe. A ditadura mergulhou o País numa era de perseguições, intolerância, censura, repressão a movimentos sociais, arrocho salarial e seguidas crises econômicas e políticas.
Conto tudo isso porque é nosso dever aprender com a história. A situação atual é diferente, e melhor, pois o Estado de Direito funciona desde a volta das eleições diretas em 1989 e temos uma Constituição-cidadã que assegura o regime democrático, preserva os direitos individuais e propicia proteção social.
Atuo no sindicalismo e sei que existe divisão em nosso meio. Embora a maioria defenda a regra democrática – ou seja, governa quem recebeu o maior número de votos -, há quem veja no impeachment uma espécie de solução mágica.
Mas não existe solução mágica. Na democracia, o mais importante é defender primeiro as conquistas democráticas. A sociedade brasileira é vigorosa, tem muita energia social. Precisamos usar essa energia em ações de superação da crise econômica e política. Se nos desgastarmos em lutas partidárias e de facções ideológicas, a crise só se agravará, com um enorme custo econômico e social, que levaremos décadas para superar.
José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região