Imagem do dia
Enviar link da notícia por e-mail
Artigos
A legitimidade da nossa luta não pode ser ofuscada por atos de vandalismo
sexta-feira, 26 de maio de 2017
Artigos
O dia 24 de maio de 2017 foi marcado por uma grandiosa e legítima Marcha dos Trabalhadores Brasileiros contra as propostas das reformas trabalhista e previdenciária elaboradas pelo governo. Só a Força Sindical levou mais de 700 ônibus a Brasília, com trabalhadores de diversos sindicatos, para reivindicar a manutenção dos nossos direitos. A presença dos trabalhadores em Edifícios e Condomínios ultrapassou a marca de 200 pessoas. No total, mais de 100 mil pessoas, entre mulheres, homens, jovens e idosos, participaram deste ato democrático, organizado de forma consequente e responsável pelas centrais sindicais.
Temos consciência da importância e do alcance deste ato. Não podemos – e não vamos – aceitar interpretações distorcidas de analistas que vem a público propagar ideias equivocadas, como a opinião emitida no dia seguinte, 25 de maio, pela jornalista Miriam Leitão, no Bom dia Brasil, da TV Globo. O movimento sindical brasileiro, sempre ameaçado pelas classes dominantes, possui uma história limpa, uma história de reivindicações, lutas e importantes conquistas. Não fossem os sindicatos e os trabalhadores não teriam direitos elementares como o seguro-desemprego, férias, piso salarial e licença-maternidade, entre outros. E foi pela manutenção desses direitos que estivemos na Capital Federal no dia 24, em uma verdadeira cruzada contra as nefastas propostas previstas nas reformas trabalhista e da Previdência.
Vivemos um momento de instabilidade, incerteza política e ebulição social. Mesmo assim, como é do nosso feitio, nós, sindicalistas, conseguimos realizar uma manifestação pacífica e organizada. A ação desordenada e inconsequente dos chamados Black Blocs, sobre os quais recaem suspeitas de infiltração, foi, entretanto, apenas um pretexto para uma generalizada repressão policial. Em vez de conter os baderneiros, a Polícia Militar aproveitou para reprimir a manifestação democrática.
Em nota, a Força Sindical já rechaçou a violência e o vandalismo perpetrados por grupos que nada têm a ver com as centrais sindicais, e lamentou o despreparo e o abuso da PM do Distrito Federal. Nós, do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios, reafirmamos a posição da central: “Não temos nada a ver com esses baderneiros!”.
O objetivo que uniu as centrais sindicais em Brasília foi o de chamar a atenção da sociedade sobre o peso que recairá sobre as costas do povo brasileiro caso os atuais projetos de reformas previdenciária e trabalhista sejam aprovados na íntegra. Precisamos vencer esta crise política, social e econômica pela qual atravessamos. Mas o Brasil não conseguirá avançar passando por cima da opinião pública e sem a participação efetiva dos trabalhadores no diálogo nacional.
Paulo Ferrari, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios de São Paulo-Sindifícios e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios