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A mulher nos espaços de poder
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
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Nos últimos dias saiu o resultado de uma pesquisa nacional sobre a situação da mulher na vida doméstica, na qual se constatou o aumento do número de domicílios chefiados por mulheres no Brasil. Os dados divulgados no dia 9 de setembro de 2008 fazem parte da 3ª edição da pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher e Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. O mais interessante é que estas mulheres estão na posição de chefes de famílias e arcam sozinhas com a difícil tarefa de educar e sustentar seus filhos.
Por outro lado, não temos quase opções de políticas públicas voltadas para orientar e acolher essa nova demanda social, necessidade de abraçar como responsabilidade a liderança de uma família. O mais curioso é que esses dados não refletem nenhuma mudança na estrutura social e cultural do país, que continua machista e patriarcal, ou seja, não existe uma tendência igualitária nas relações de gênero, nem tampouco essa situação é reflexo de uma maior independência feminina.
Muito pelo contrário, as contingências econômico-sociais e até mesmo afetivas que transformam a família brasileira, não nascem como mostrou a pesquisa, de uma luta consciente da mulher. Mas ainda assim, é semente para mudança da visão de mundo para as próximas gerações.
Aprendemos social e culturalmente o que é ser mulher e o que é ser homem, por meio do processo histórico que tem como base, inclusive, relações familiares, que são construídas por todos nós, homens e mulheres.
Se na vida privada, nas famílias, a mulher está sendo mais vista nas ‘chefias’, ainda que isso lhe sobrecarregue e não seja reflexo de igualdade entre gêneros, temos, então, que refletir sobre sua participação na vida pública.
Por que essas mulheres, chefes de famílias, não estão participando da nossa vida política?
Sabemos que não é tão simples assim, aprendemos a ser mulher por um processo educativo e, muitas vezes, temos que quebrar barreiras para estar em espaços historicamente masculino.
No entanto, em 2004 foram eleitas 12,65% de vereadoras e apenas 7,52% de prefeitas, um número inexpressivo se pensarmos que há alguns anos os partidos políticos deveriam obedecer a uma cota de 30% para mulheres em cargos eletivos.
Esta mulher chefe de família faz parte de uma transformação social, que pode ou não refletir em um maior número de representantes femininas na vida política. Cabe a nós, através do nosso voto, produzir essa mudança nos quadros políticos, ampliar o espaço feminino na vida pública para que as políticas públicas tenham a ‘cara’ da necessidade da mulher, que anseia por uma vida mais digna em um mundo cuja divisão de tarefas entre os sexos promova a justiça e a igualdade, tanto na vida familiar quanto na política.
Helena Ribeiro da Silva é presidente do SEAAC de Americana e região