Imagem do dia
Enviar link da notícia por e-mail
Artigos
A mulher sabe vencer desafios!
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Artigos
Em 24 de fevereiro de 1932, a mulher brasileira conquistou o direito de votar. O País vivia o primeiro governo de Getúlio Vargas. O gesto de Vargas, atendendo compromisso assumido com líderes femininas, foi um ato ousado, contrariando dirigentes políticos e do Judiciário, marcados pelo pensamento conservador e machista.
Aquele gesto lá atrás, há 80 anos, viria a ser decisivo para abrir espaços futuros à mulher brasileira, no trabalho, na sociedade, na vida acadêmica, nos meios artísticos e também na vida política.
A eleição de Dilma Rousseff, que já militou no trabalhismo, veio se dar 78 anos depois da conquista do voto feminino. Parece muito tempo. Mas a história não se conta em anos, e sim em fases. Portanto, a eleição de uma mulher para presidir o Brasil sinaliza uma nova fase; ou seja, a consolidação dos ganhos do passado e a abertura de novos caminhos.
Um desses caminhos está explicitado no compromisso maior de Dilma, que é o programa “Brasil sem miséria”. Nossa presidente, dotada de sua natural sensibilidade feminina, decidiu que seu governo terá como foco central a erradicação da miséria, que aflige, ainda, tantos brasileiros.
Mas isso não será feito sem vencer obstáculos políticos. Precisamos, por exemplo, ampliar a presença feminina na Câmara Federal, onde, dos 513 deputados federais, apenas 44 são mulheres. No Senado, dos 81 senadores, há apenas dez senadoras.
Trabalho – No mercado de trabalho, os números também denunciam a desigualdade. A mulher ganha 65,5% do salário do homem. Se for negra, essa renda chega a ser 60% mais baixa que o salário masculino. O desemprego também é maior entre as mulheres. Em 2010, a desocupação era de 5% entre os homens e 7,6% entre as mulheres.
Vale lembrar que até o final dos anos 70 as trabalhadoras eram na maioria jovens, solteiras e sem filhos. Hoje, o mercado é ocupado por trabalhadoras mais velhas; muitas delas arrimo de família e chefes do lar.
Outro desafio a ser vencido é a violência. Apesar de avanços, como as delegacias especializadas e a Lei Maria da Penha, mulheres ainda são agredidas e assassinadas diariamente por seus namorados, maridos ou ex-companheiros.
Tivemos melhorias reais nesses 80 anos. Mas ainda falta muito. A mulher merece ser valorizada no mercado de trabalho. A mulher precisa ampliar espaço nas entidades sindicais, Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Congresso Nacional e, principalmente, no Poder Executivo. Esse é o caminho para um País verdadeiramente democrático e mais igualitário: um País digno para todo o nosso povo.
Precisamos construir esse Brasil. E a mulher, certamente, será linha de frente dessa conquista!
Telma Cardia
Presidente do Sindicato dos Frentistas de Guarulhos e Região e diretora da Federação Nacional dos Frentistas