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A quem interessa a reforma trabalhista e o fim das contribuições sindicais?
sexta-feira, 23 de junho de 2017
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O fim do imposto sindical proposto na reforma trabalhista, em tramitação no Senado, não vai acabar com as entidades de classes, instituições consolidadas por defender políticas sociais e igualitárias que melhoraram a vida da classe operária. O objetivo da proposta é abrir caminho para a exploração da mão de obra e a volta da escravidão no Brasil, como nos tempos da casa grande e senzala.
Infelizmente, o trabalhador ainda não se deu conta da armadilha tramada pelo poder econômico para aumentar os seus lucros e escravizar a mão de obra. Ao retirar dos sindicatos as fontes de custeio (imposto sindical e contribuição assistencial), o empresariado tenta calar e amordaçar as entidades de classes, que há mais de cem anos denunciam e combatem a exploração no mercado de trabalho e lutam para conquistar direitos.
A organização sindical, prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na Constituição Federal, é fundamental para a estruturação e regulamentação das relações de trabalho, impedindo que o poder econômico triture a força de trabalho. Sozinho, o trabalhador se torna presa fácil de manipulação e exploração. A história prova que sem organização não há liberdade e nem respeito. A expressão a “União Faz a Força” define a luta dos trabalhadores brasileiros que conseguiram a alforria, mas continuam subjugados ao poder econômico.
O Brasil foi o último país do mundo a acabar com a escravidão. A liberdade dos escravos, nossos ascendestes, só aconteceu após grupos abolicionistas insurgirem contra a base da economia colonial. Foi preciso organização social e luta árdua para pôr fim ao trabalho escravo.
E o que fazem os sindicatos hoje? Lutam contra a exploração da mão de obra e o trabalho escravo que, infelizmente, ainda é uma realidade no país. Mesmo assim, há trabalhadores, que por manipulação, ou por total falta de conhecimento, acham que os sindicatos não servem para nada. O poder econômico incute essa mentira na cabeça do trabalhador para afastá-lo da sua entidade de classe.
Não podemos nos esquecer que se temos hoje direito a 13º salário, férias, repouso remunerado, jornada de trabalho regulamentada, auxilio alimentação, seguro de vida e assistência médica, tudo isto foi fruto da luta sindical. Nada veio de graça. Nenhuma dessas conquistas foi fruto da benevolência dos empresários, dos patrões.
Por isso, quanto mais fragilizada e enfraquecida a organização sindical maior será o poder para a exploração da mão de obra. Ao desmontar a estrutura sindical, retirando das entidades de classes os recursos necessários para manter os trabalhos assistenciais e as ações em defesa da categoria, o setor econômico avança no projeto de obter lucro fácil através da desvalorização e da superexploração da mão de obra.
Sem sindicato não há cobrança de direitos, nem luta por melhorias. Não há nada! Apenas um imenso vazio de alma que transformará o trabalhador em uma simples mercadoria à venda nos mercados da vida.
Eusébio Pinto Neto
Presidente do SINPOSPETRO-RJ