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A reforma que não pode passar
sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
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As Centrais Sindicais fizeram na segunda (15) a primeira reunião unitária do ano. E o tema não poderia ser outro: a reforma da Previdência defendida pelo governo Temer. O encontro, basicamente, tratou de como enfrentar a proposta draconiana do governo, com a possibilidade de uma paralisação nacional de protesto, em fevereiro.
Há muitas críticas à reforma previdenciária. A primeira delas é que o governo não discutiu com as entidades representativas dos trabalhadores, da ativa ou de aposentados. Ou seja, simplesmente tenta passar o trator em cima de direitos e conquistas.
Outra crítica é que o governo e sua base não aceitaram discutir a real situação da Seguridade Social. Entidades sérias, como a Anfip (associação dos auditores fiscais), sustentam que não existe déficit. O que há, argumentam, é a manipulação de dados, tentando passar a ideia de que a situação de caixa é caótica.
O sindicalismo também faz duras críticas. A primeira delas é que falta transparência ao governo no tratamento do tema. Outra crítica diz respeito aos grandes devedores. Por que o governo não cobra as grandes empresas? Será que não cobra justamente porque essas empresas são as mesmas que financiam os políticos e suas campanhas milionárias?
As maldades da reforma previdenciária já são conhecidas. A lista é longa: 1) Eleva o teto de idade; 2) A pessoa terá de contribuir muito mais tempo para se aposentar; 3) A mudança no cálculo rebaixará o valor médio das aposentadorias; 4) Viúvas e pensionistas terão de optar por um só benefício, o que achatará a renda justo no momento da vida em que a pessoa mais precisa de renda, até porque o custo de vida do aposentado é mais alto que os demais.
Nas últimas semanas, o governo vem fazendo intensa propaganda pró-reforma nos meios de comunicação. Temos de ficar atentos e não acreditar nas mentiras oficiais. A reforma é ruim, é má, é desumana. Eu pergunto: se fosse boa, por que o governo teria que destinar (na verdade, comprar votos) R$ 10 bilhões para deputados ficarem a favor da reforma? Votar pelo bem do País é obrigação dos deputados. Se o governo está pagando, esta reforma realmente não é boa para nós.
O sindicalismo não é contra reformas. Mas a proposta de Temer para a Previdência une todos contra a medida. Não há um único segmento sindical que a apoie. Outra pergunta que deixo para o leitor: um governo ilegítimo tem o direito de fazer uma reforma que mexa com a vida das atuais e das futuras gerações de brasileiros?
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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