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A violência dos outros
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
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No dia 25 de Novembro começa novamente a campanha por 16 dias de ativismo no combate à violência contra a mulher. Muitas mulheres ainda se calam diante da violência doméstica, embora muitas vezes sejam protagonistas de cenas profundamente indesejáveis de agressões insuportáveis e difíceis de superar, que as impedem de se desenvolverem por completo, diante das possibilidades da vida.
Todos (as) conhecem alguma história de violência doméstica, a violência do vizinho, do parente distante, do casal do prédio ao lado; certo é que ela existe e muitas vezes não a compreendemos… por quê? Quando nos vemos diante de alguma destas situações preferimos o silêncio, pois, socialmente e simbolicamente, essa violência ‘caseira’ tem motivos e soluções que passam por questões relativas à construção dos papéis masculinos e femininos, muitas vezes ancoradas a uma cultura machista e sexista, que coberta de preconceito, está normalmente preparada para determinar e julgar estas questões. Exemplo, a mulher que apanha, ainda que existam leis que a protejam, vai ser estereotipada com vários adjetivos quando, de alguma forma, sua história é visualizada no local de seu trabalho.
O movimento de mulheres tem como estratégia em relação à violência dar visibilidade a esta violência e combatê-la, fazendo isso através de políticas públicas, que já nos renderam a delegacia da mulher, centros de referência, a lei Maria da Penha e as campanhas de conscientização.
Todas essas idéias e propostas passam por teorias feministas que apoiadas em pesquisas tentam responder questões e ampliar as discussões sobre os problemas da nossa sociedade. A violência de gênero é pensada por três linhas teóricas, a primeira enfoca a ‘dominação masculina’ como o caldo social e histórico em que essa violência surge como expressão; a segunda enfoca a dominação ‘patriarcal’ e tem o olhar de uma perspectiva marxista e feminista, lugar social onde a mulher é vista como sujeito vitimado historicamente pelo homem; e a terceira que trabalha com um enfoque relacional, entendendo a violência como forma de comunicação e um jogo do qual a mulher não é vítima, mas também cúmplice.
Encontramos em nossa cidade expressões e possibilidades institucionais para resolver este conflito, dentre elas o centro de referência da mulher e o conselho municipal de direito da mulher, além da delegacia da mulher. O trabalho de conscientização é idealizado a longo prazo e muitas vezes não é apoiado nem pela população nem pelo poder público, exatamente pela natureza do assunto. E aí, é interessante citar um ditado popular, ‘em briga de marido e mulher ninguém mete a colher.’ Ora, a proposta é ‘meter a colher’, pois refletir sobre o fim desta violência conjuntamente (entre homens e mulheres) é dar passos para melhorar estas relações no sentido de serem mais equânimes.
Neste momento existe um abaixo assinado, no Brasil todo, que convoca os homens para participar da campanha pelo fim da violência contra a mulher por uma sociedade mais justa e igualitária. (www.lacobranco.org.br)
Helena Ribeiro da Silva