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Afrontas ao trabalhador: até quando?
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
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Mais uma vez, estamos diante de atitudes que prejudicam a classe trabalhadora, fere seus direitos e faz com que anos de lutas e conquistas sejam deixados para trás, como se não fossem importantes o bastante. A verdade é que pela ótica governista não são: o que prevalece são os interesses do patronato, de grandes empresários e do próprio governo.
Os ataques que percebo, cotidianamente, são muitos a começar pelo esvaziamento e indefinição que pairam sob o Ministério do Trabalho. Sem liderança, a atuação dos operadores do Direito Trabalhista se complica, o papel intrínseco da pasta está estremecido.
Transformar um Ministério tão importante em barganha política é desrespeitar todos os trabalhadores brasileiros, pois, prejudica os importantes papeis de mediação das relações de trabalho e conflitos, de atuação pela segurança do trabalhador e de proteção da classe trabalhadora de maneira geral.
Todo o movimento sindical repudia essa situação e luta para que o Ministério do Trabalho possa atuar novamente como foi em sua origem: uma pasta ativa, que defende os direitos dos trabalhadores com fervor e que, por exemplo, teria agido de outra forma diante da reforma trabalhista, originada na própria pasta, e que significa um retrocesso social.
Eu espero que atitudes mais coerentes sejam tomadas ou então, a Reforma da Previdência também será aprovada com total desrespeito ao trabalhador. Nesse ponto, diria que o que o governo realmente quer é que a aposentadoria deixe de ser um direito garantido e passe a ser uma incerteza. Com todas as transformações no mundo do trabalho, como garantir emprego decente para todas as pessoas em idade apta para trabalhar? Como usufruir da aposentadoria quando a idade já está avançada? Para mim, os questionamentos que devemos fazer são inúmeros.
A desculpa para a reforma é o divulgado déficit na previdência social, ponto este questionado por muitos especialistas que dizem que os números foram manipulados para obter a justificativa pretendida; entretanto, ainda que houvesse um déficit o necessário seria um reforço no financiamento, correto? Correto. Mas, o que a proposta de reforma demonstra na realidade é uma retirada de benefícios para o trabalhador, ações essas que não auxiliam de maneira alguma no financiamento.
Vejo o enfraquecimento desse direito fundamental, prejudicando o ser humano que desenvolveu por tantos anos determinada função, ofereceu sua mão de obra e de repente se vê sem a garantia de uma vida digna em seu período de aposentadoria.
Outro ponto que devemos ter atenção é que, ao retirar os benefícios da previdência social e dificultar a aposentadoria, o governo oferece um banquete aos bancos: o incentivo nítido a previdência privada. Aqueles com condições de trabalho melhores correrão para as instituições bancárias na busca de garantir um futuro digno, mas e os trabalhadores mais singelos? Serão esquecidos e deixados à margem da indignação e da precariedade.
Em suma, os interesses do governo, alinhados ao do mercado financeiro, estão claros em suas ações e propostas, como nas Reformas Trabalhista e Previdenciária e na atual situação do Ministério do Trabalho. Nós, enquanto cidadãos e trabalhadores precisamos nos unir e lutar pela contínua busca de direitos mais igualitários entre todos e pela dignidade de nossas vidas e, por isso, enquanto líder sindical, comerciário e cidadão, estou com vocês.
Milton de Araújo
Presidente do Sincomerciários de Jundiaí e Região