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Agronegócio e agricultura familiar
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
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É muito comum lermos matérias e ouvirmos discursos onde se diferenciam os conceitos de agronegócio e agricultura familiar, principalmente em falas de representantes do Governo Federal, como também de muitos representantes de movimentos sociais. Quando saem dados e valores de produção, cria-se um clima de disputa para mostrar quem é mais importante. Todos nós que lidamos com a agricultura, grandes e pequenos, fazemos parte dessa grandeza que é o agronegócio, contribuindo, há vários anos, para deixar a balança comercial brasileira em posição confortável, livrando-a de ficar no vermelho. Para se ter uma ideia, no ano de 2008, o saldo entre importações e exportações na agricultura foi de R$ 59 bilhões.
Há muitos ambientalistas que parecem ter raiva do agronegócio brasileiro, como se fosse o responsável por toda a degradação ambiental do país, quando na verdade toda a população é responsável pelas ações que envolvem o meio ambiente, esteja no campo ou na cidade. Temos que parar com intrigas, sem distinguir grandes e pequenos, e buscar o agronegócio como ele é, com diversos tipos de produtores que no total são a representação real da nossa agricultura. O setor contribui com mais de 30% do PIB brasileiro e 37% dos empregos gerados no país. O que temos de fazer é dar condições seguras para os seus protagonistas, porque ainda hoje temos muitos riscos na atividade, por falta de um seguro de renda e fundo de aval. Pelo menos já está se falando em fundo de catástrofe.
Há muitas ações para serem realizadas no agronegócio que são mais importantes do que intrigas para ver se esse ou aquele setor é mais representativo. O que é mais valioso neste assunto, e extremamente necessário, é contribuir para que haja maiores investimentos em extensão rural e orientação para o aprimoramento dos produtores, no sentido de prepará-los para a realidade dos dias de hoje, onde o direcionamento seja voltado para uma agricultura mais eficiente e com responsabilidade social e ambiental. Este setor tem números que impressionam qualquer um, mas as suas entidades representativas não têm uma uniformidade de pensamento e, muito menos, uma ação conjunta para mostrar essa relevância à sociedade, sendo criticado sem fazer sua defesa.
Enquanto ficamos discutindo o sexo dos anjos e interpretando termos de forma equivocada por desconhecer a realidade que não é passada à sociedade, não teremos evolução na agricultura. Nós precisamos ter mais respeito de todas áreas e entre os próprios integrantes do agronegócio, e não querer culpar esse ou aquele setor pelas mazelas que acontecem no campo, ou mesmo por diferenças ideológicas. O desenvolvimento adequado de nossa agricultura, pecuária e dos agricultores é muito mais importante do que ficar estabelecendo terminologias que, ao invés de fazer a união, fomentam a segregação.
Braz Albertini é presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo