Tenho falado com frequência do problema da carestia. Volto ao tema, porque muitos produtos estão subindo de preço, principalmente os alimentícios.
Um exemplo real disso é que, em média, o vale-refeição está dando apenas pra cobrir 13 dias. Ora, o mês de julho tem 21 dias úteis. Se contarmos os sábados, serão 26 dias. Mas o VR só dá pra 13. O que fazer?
Quem recebe vale-refeição é só uma parte da classe trabalhadora. A maioria, registrada em Carteira ou na informalidade, não tem esse benefício e precisa se virar, comendo pouco, comprando carcaça de frango ou simplesmente dividindo um prato com a família inteira.
Mas a carestia afeta só o trabalhador e o povo mais pobre? Não. Afeta o mercado interno e fragiliza o mercadinho, a quitanda, a venda, a loja e mesmo a pequena indústria.
De que modo? Com o aumento no preço dos insumos. Aquele mercadinho que colocava 100 quilos de arroz na prateleira toda semana não vai pode colocar mais essa quantidade. Aquele comércio popular que fazia encomendas à indústria vai reduzir o volume dos pedidos.
Ou seja, a carestia, além da fome dos mais pobres, enfraquece o setor produtivo. Não é só o cidadão que empobrece. A pequena empresa também fica mais pobre, demite e tem que arcar com aumentos de custos sem poder repassar tudo ao consumidor.
Outro dia, o ministro Paulo Guedes pediu a donos de supermercados que segurassem os preços. Ora, o preço final na prateleira está ligado a uma ampla cadeia econômica e de custos. Além do que o Guedes que pede “sacrifício” ao supermercado é o mesmo ministro que manda subir os juros. Ou seja, é um cretino!
O leitor poderá perguntar o que o Sindicato está fazendo. O sindicalismo faz o que pode. Por exemplo, aqui em Guarulhos, já fizemos atos contra a carestia, Natal sem Fome, campanhas do agasalho e outras.
Não existe mais uma lei que reponha as perdas da inflação. Assim, toda campanha salarial começa do zero. No final do ano, conseguimos reajuste de 11,08% pra todos e mais abono de 26%. Mas a inflação já comeu boa parte.
Fechado o acordo, o Sindicato reforçou a busca do pagamento de PLR – Participação nos Lucros e/ou Resultados das empresas. Alguns poucos setores da indústria estão faturando, mas grande parte patina ou acumula perdas. Convenhamos, fica difícil “dividir o lucro” numa situação dessas.
O fato é que a atual política econômica está afundando o Brasil. Esse naufrágio atinge primeiro o porão, onde viajam os pobres. Mas a água vai subir até o convés. Você, pequeno empresário, se está pensando que vai se salvar, pode tirar o cavalo da chuva.
Não damos conselho a empresário. Mas o trabalhador, quando se aperta procura o Sindicato, busca o vereador, pressiona o deputado. Os senhores deveriam fazer o mesmo, principalmente ante Jair Bolsonaro e seus aliados.
Josinaldo José de Barros (Cabeça), presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região