Saúdo o Sindicato dos Químicos de São Paulo por disponibilizar a Colônia de Férias em Praia Grande e abrigar, temporariamente, 128 refugiados do Afeganistão.
Desde o início de 2022, cresce o fluxo de refugiados do país que voltou ao controle do Talibã radical. A partir de então, seguidos grupos se amontoavam no Aeroporto de Cumbica, em condições degradantes, principalmente para mulheres e crianças.
A ação do Sindicato supre a omissão dos governantes. A boa notícia é que o governo federal, por meio de parceria entre o Ministério da Justiça e entidades humanitárias, passou a acudir os migrantes. A iniciativa dos Químicos é feita com o governo e a ONU.
Já o poder público municipal poderia ter agido, mas não agiu. Observe que experiência pra ações emergenciais não falta. Na Pandemia, hospitais de campanha (com leitos, UTIs etc.) eram montados em poucos dias.
Guarulhos poderia ter adaptado o Thomeozão ou outro ginásio de esportes em desuso, propiciando abrigo, água limpa, banheiros e alimentação aos grupos que chegavam. Como dispõem de Passaporte Humanitário, os afegãos não estão em situação irregular no Brasil.
Há 10 anos, o historiador brasileiro e ex-senador na Itália, José Luiz Del Roio, alertava: O principal problema na Europa é a onda migratória. O sindicalismo local atuava em duas frentes. Junto aos governos, cobrando acolhimento aos migrantes, e a empresas, a fim de evitar a exploração e mesmo a escravização de refugiados.
Ao acolher os 128 migrantes afegãos, a entidade dos Químicos reforça a tradição solidária da classe trabalhadora. Antes mesmo que se formassem Sindicatos, trabalhadores do mundo todo organizavam sociedades de mútuo socorro – algumas ainda funcionam.
Seca – Eu me lembro que em épocas de grandes secas, principalmente no Nordeste, nosso Sindicato adotava uma cidade castigada e mandava um caminhão lotado de gêneros alimentícios. Recentemente, quando dos desabamentos em São Sebastião, arrecadamos gêneros e disponibilizamos nossa Colônia em Caraguá.
Na última sexta, 30, realizamos o Varal Solidário no Instituto Cultural e Esportivo Meu Futuro, um projeto social que mantemos há 20 anos. O Varal disponibilizou roupas e agasalhos pra famílias carentes na região do Parque Primavera. Agradeço as doações dos trabalhadores e de empresas da nossa base. A campanha seguirá até 31 de julho.
O papel principal de um Sindicato não é fazer ações de caridade, pois temos primeiro o dever de cuidar da categoria e da assistência a nossos associados. Mas nada nos impede de promover campanhas solidárias e apoiar iniciativas de outras entidades.
Há muitas formas de enfrentar as injustiças. As ações solidárias já mostraram sua eficácia. A pressão sobre os poderes também faz parte desse combate humanitário.
Josinaldo José de Barros (Cabeça), presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região