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As centrais e a estrutura sindical
terça-feira, 30 de outubro de 2007
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Agora que a regulamentação das centrais sindicais parece algo irreversível, uma série de dúvidas e questionamentos afloraram entre os companheiros do movimento sindical. Muitos sindicalistas de base argumentam que as centrais irão resolver seus problemas de custeio enquanto muitos sindicatos passam por dificuldades. Alegam ainda que as centrais vão entrar no espaço hoje ocupado por federações e confederações. Essas questões precisam, no entanto, passar por reflexão.
Em primeiro lugar, se não fossem os sindicatos, se os sindicalistas não escolhessem se filiar e ajudar as mantê-las, as centrais jamais existiriam. Os sindicatos foram, são e serão a base da estrutura. Aonde o trabalhador irá reclamar em caso de perseguição ou demissão arbitrária? Quem irá negociar e assinar os acordos coletivos, às vezes por empresas, em cada categoria? Os sindicatos, ora… E quanto melhor o sindicato souber mostrar para a categoria esse seu papel, mais sócios irá conquistar.
Qual o papel das federações? Justamente unificar, elevar e estender para todos os Estados as conquistas de categorias específicas. Se um químico da capital tem um piso X, por que o químico de Ribeirão Preto terá um piso Y? O sindicato poderá conseguir um PLR melhor numa ou outra empresa. Mas as conquistas macro têm que ser estendidas a todos os trabalhadores que desempenham funções semelhantes.
O mesmo se aplica às confederações quando se fala em território nacional. Por que o metalúrgico de Betim tem que ter um piso inferior ao de um metalúrgico de São Caetano do Sul? E esse é o papel das confederações: fazer com que cada ramo profissional tenha os mesmos benefícios em todo o país.
Às centrais, por sua vez, está reservado o papel de discutir com o poder público as grandes questões econômicas, como já vêem fazendo. A questão da taxa de juros, os impostos, os investimentos públicos, o salário mínimo nacional e os pisos estaduais, as aposentadorias e Previdência, as políticas de educação e qualificação profissional, de saúde e segurança pública.
Ou seja: cada instância tem o seu papel.
É preciso deixar claro, ainda, que os recursos que irão para as centrais serão 10% dos 20% que hoje ficam com o Ministério do Trabalho. Nada será tirado da estrutura já existente. Aliás, as centrais poderão até ajudar a melhorar a eficiência dos seus sindicatos e entidades filiadas, abrindo portas e melhorando sua representatividade.
Danilo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical São Paulo