Passar aos assuntos correntes deve significar para os dirigentes e ativistas sindicais recomeçarem a fazer o que sempre fizeram: cuidar dos interesses imediatos dos trabalhadores representados, dos ganhos reais de salários, do 13º terceiro pagamento, das PLRs, enfrentar as demissões e as ações antissindicais, em suma, travar a luta de classe de resistência como sempre.
Por incrível e contraditório que possa parecer este comportamento combativo ajuda a normalizar a atual conjuntura, reagrupa unitariamente as bases sindicais e isola os arreganhos golpistas dos seguidores desiludidos do bolsonarismo, derrotados nas urnas presidenciais.
Ao mesmo tempo em que se preocupam com os assuntos correntes sindicais, os dirigentes devem ajudar a que o presidente Lula e os partidos que o apoiam consigam aprovar no atual Congresso Nacional a PEC da transição que garantirá as condições para o inicio do cumprimento de suas promessas eleitorais, que são sagradas: Bolsa Família de R$ 600, mais R$ 150 para as crianças, aumento real do Salário Mínimo a vigorar desde o dia 1º de janeiro, reajuste dos repasses do SUS e da merenda escolar.
Toda a rede de relações congressuais tecida ao longo dos anos deve ser reforçada, ampliando o conjunto de forças favorável à aprovação da PEC.
Neste período de transição o movimento sindical deve apoiar o trabalho do Grupo do Trabalho que visa oferecer ao novo governo um quadro realista da situação administrativa do ministério do Trabalho e indicar elementos orientadores de ações futuras. Merece elogios a contundência do dirigente Ricardo Patah que defende, curto e grosso, incinerar as recomendações do Gaet (ver no Google), entulho a ser removido na operação saneamento.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical de entidades de trabalhadores