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Caça aos fantasmas já!
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
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O Serviço Social da Indústria (SESI) foi criado pela Confederação Nacional da Indústria em 1946 para “estudar, planejar e executar medidas que contribuam, diretamente, para o bem-estar social dos trabalhadores na indústria (…), concorrendo para a melhoria do padrão de vida no país, (…) para o aperfeiçoamento moral e cívico, e o desenvolvimento do espírito da solidariedade entre as classes”. O decreto que o regula define que seus objetivos são a alfabetização do trabalhador e seus dependentes, educação de base e para a economia, a saúde, comunitária e tantas outras formas de melhorar o padrão de vida do trabalhador e sua família.
Se há 12 anos um partido que representa os trabalhadores está no poder, seria natural esperar que o SESI, financiado pelas indústrias do país, aprimorasse e desse grande salto qualitativo na qualificação dos trabalhadores, principal finalidade do Sistema S.
Mas ao ler denúncia publicada pela Revista Época de 4 de agosto, sob o título “A Casa dos Fantasmas Camaradas” (páginas 32/36), sinto-me estarrecido, enojado e profundamente ofendido. Como presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro e presidente da Força RJ, sinto-me na obrigação de denunciar os descalabros praticados por administradores que, ao invés de usar os recursos milionários arrecadados da indústria brasileira em prol dos trabalhadores, os aplica em benefício próprio. Segundo a denúncia, baseada em investigação da Controladoria Geral da União, são salários que vão de R$ 10 mil a R$ 60 mil, carros de luxo a serviço e nenhuma obrigatoriedade de jornada de trabalho ou cumprimento de metas. São fantasmas vestidos de defensores dos trabalhadores, que somem com o dinheiro da classe trabalhadora, sem pudor nem vergonha.
São milhões que, ao longo desses anos, vêm sendo desviados. Milhões que podiam ter sido usados na construção do futuro dos jovens do nosso país, que não podem crescer na vida sem uma profissão. É um jogo sujo, um nepotismo sem limites, que nos faz lutar com mais garra ainda para que a justiça seja feita e a lei seja cumprida.
Me solidarizo publicamente com o companheiro Carlos Lacerda, que, ao saber de tais arbitrariedades, como legítimo representante da classe trabalhadora, renunciou à vaga no Conselho de Administração do SENAC, por não compactuar com os ilícitos.
Não podemos ficar calados, não podemos ficar omissos ou inertes diante da conduta de administradores que se locupletam. Devemos, sim, coibir tais práticas, exigindo apuração rigorosa dos fatos por parte das autoridades públicas competentes, como Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União.
Meu mais veemente repúdio a práticas que lesam e ferem a classe trabalhadora, venham de onde vierem.
Francisco Dal Prá, presidente da Federação dos Metalúrgicos RJ e Força Sindical RJ