Qualquer greve é um fato extraordinário, marcador das etapas da vida sindical. Mas o recurso à greve é uma opção normal, na maioria dos casos preparada diligentemente pela direção e pelos ativistas e no Brasil garantido pela Constituição e, às vezes, arbitrado pela Justiça do Trabalho.
Queria continuar escrevendo sobre a normalização e a luta permanente destacando um acontecimento na ação sindical esclarecedor da dialética entre o normal e o excepcional: a greve.
Qualquer greve é um fato extraordinário, marcador das etapas da vida sindical. Mas o recurso à greve é uma opção normal, na maioria dos casos preparada diligentemente pela direção e pelos ativistas e no Brasil garantido pela Constituição e, às vezes, arbitrado pela Justiça do Trabalho.
Há muitos tipos de greve conforme sua abrangência, motivação, duração, institucionalidade e a adesão a ela dos trabalhadores. Mas, em definitivo, há somente dois tipos de greve: a vitoriosa e a derrotada.
E sobre seu caráter extraordinário nada melhor que lembrar o dito espirituoso de Walter Barelli, “greve não dá duas safras”.
Mas é preciso que eu escreva agora sobre os números relevantes para o sindicalismo anunciados pelo DIEESE e pelo IBGE.
Conforme o DIEESE nas negociações de acordos e convenções coletivas em julho deste ano apenas 0,3% sofreram perdas, confirmando baixíssimas porcentagens também nos dois meses anteriores. Mas em agosto essa porcentagem subiu para 16,4%. Ainda que se deva estudar a sazonalidade dos eventos e a lista das categorias envolvidas, avanço a opinião de que a conjuntura favorável levou paradoxalmente ao relaxamento nas campanhas e negociações. É um alerta para necessidade de mais empenho em setembro corrente e nos próximos meses com grandes categorias em campanhas salariais.
Para o IBGE a taxa de sindicalização que era de 16,1% em 2012 despencou para 9,2% em 2022, os sindicatos sofrendo perdas de 5,3 milhões de associados em 10 anos.
As causas deste decréscimo constante são o bombardeio da ideologia neoliberal do “eu sozinho”, a deforma trabalhista de Temer, as agressões bolsonaristas e as mudanças na estrutura produtiva e nas relações de trabalho. Exige hoje do movimento sindical uma resposta estratégica, com campanhas de sindicalização efetivas relacionadas às vitórias pontuais no dia a dia sindical.
João Guilherme Vargas Netto, assessor sindical