Imagem do dia
Enviar link da notícia por e-mail
Artigos
Crise Econômica: essa conta não é dos trabalhadores
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Artigos
A crise econômica global teve origem nos Estados Unidos e, imediatamente, irradiou-se para os Países da Europa. Ela encontra resposta no próprio funcionamento do sistema capitalista, cuja expressão é o superdimensionamento da esfera financeira. As hipotecas imobiliárias nos EUA como engrenagem da crise, com valores fictícios dos imóveis, atingiram duramente os bancos e fundos de pensões, infligindo pesadas perdas aos investidores.
A crise revela que o receituário do neoliberalismo como expressão política-econômica, vendida ao mundo pelos EUA, e que causou profundos impactos econômicos, políticos, culturais e sociais às nações, vitimou o próprio País. A bula dos EUA sempre indicou que o mercado deveria ser livre e que o mesmo se autorregularia, que os Estados não deveriam regulamentar nem intervir permitindo plena liberdade ao capital.
Com o desenvolvimento da crise, levando a insolvência a economia americana, o presidente Barack Obama apresentou pacote econômico votado pelo Congresso Americano, para salvar bancos e empresas, inclusive com estatização. A intervenção do governo foi um tiro no próprio pé. A medida revela o fim do receituário neoliberal e indica que é preciso a intervenção dos Estados para evitar atitudes depredatórias do capital contra as nações.
No Brasil, os efeitos da crise se fazem sentir de forma diferenciada. O mercado financeiro demonstra solidez, inclusive com fusões de bancos e altas taxas de lucros. O mercado imobiliário está melhor regulamentado. Além desses indicadores, a boa reserva cambial com mais de 200 bilhões de dólares, as medidas governamentais de desoneração de impostos para alguns setores econômicos e o crescimento do PIB obtido em 2008, puxado pelo consumo das famílias, indicam que a crise não afetou intensamente o Brasil. É verdade que empresários que apostaram em derivativos, especulando com mercado futuro de dólar e contra o País, perderam muito.
A classe trabalhadora tem clareza da crise e seus impactos. No entanto, não aceitamos a chantagem psicológica feita por empresários e setores da mídia que tentam se aproveitar do discurso da crise e apresentam pauta regressiva para flexibilização dos direitos dos trabalhadores. Nós, trabalhadores, através das nossas centrais, tendo à frente a Força Sindical, demonstramos capacidade de diálogo e sugerimos alternativas para enfrentamento da crise. Não aceitamos pagar pela crise dos capitalistas. Exigimos do governo Lula ações para refreamento da crise, como diminuição das altas taxas de juros, redução de impostos para setores afetados. Também entendemos que o governo precisa exercer como medida preventiva o controle dos fluxos de capitais. Por fim, a Força Sindical e os trabalhadores entendem que não é com demissões, corte de salários, flexibilização de direitos que se combate os efeitos da crise. Combatemos com salários dignos, investimentos do Estado em infraestrutura com o PAC, melhores salários, redução da jornada de trabalho, redução de juros da taxa Selic, controle dos fluxos de capitais entre outras medidas. Os ricos que paguem pela crise.
Nair Goulart, presidente da Força Sindical do Estado da Bahia