Não existe lado. Neste momento, que o país atravessa, a união de força se faz necessária para criarmos apenas um caminho: o da sobrevivência, o da defesa da democracia e da vida plena. O Brasil se tornou um país onde o ar se apresenta cada fez mais escasso para a grande maioria de brasileiros que luta pelo pão de cada dia sucumbindo na miséria imposta pela ganância do mercado financeiro. Precisamos exercer a democracia participativa para defender a nossa Constituição que nos impõe muitos deveres, mas, principalmente, garante direitos que reduzem a desigualdade social no país. Temos a obrigação e o compromisso de lutar pela vida e se fazer ouvir por quem nos representa.
O país empobreceu muito nos últimos cinco anos jogando na miséria mais de 28 milhões de brasileiros. No ano passado, a insegurança alimentar atingiu mais de 76 milhões da população, ficando pela primeira vez acima da média mundial. Os brasileiros não tiveram dinheiro para comer ou para alimentar as suas famílias. O quadro da fome se torna mais acentuado entre as mulheres, 47% não tiveram condições de dar comida aos seus filhos, que com a pandemia foram afastados da escola.
A pandemia não é o único pano de fundo desse drama. A falta de políticas sociais e o descaso com a população empurrou para informalidade 38 milhões de brasileiros, que vivem hoje na corda bamba, vendendo o almoço para comprar a janta. Enquanto a população empobrece e reduz o padrão alimentar, as contas públicas melhoram com o aumento da arrecadação de impostos gerado pela exportação de produtos nacionais, entre eles os alimentos. Temos menos comida no prato do brasileiro e mais dinheiro no bolso da elite, que corrompe o poder para enriquecer mais e mais a custa do trabalho e do sangue do povo.
A modernidade da exploração da mão de obra se mostra através dos mais de 13 milhões de microempreendedores individuais, desse total 800 mil MEIs foram abertos só no primeiro trimestre deste ano. Quem não conhece uma pessoa que perdeu emprego formal, com direito a decimo-terceiro, FGTS, férias e se viu obrigado a abrir um MEI para sobreviver?
Para garantir a tranquilidade social cria-se a farsa de que o desempregado agora é um empresário. Ainda celebram a pequena queda do desemprego que, na verdade, não passa da desesperança de quem já desistiu de buscar uma vaga no mercado formal. A renda do trabalhador caiu 8,8% no intervalo de um ano.
No Brasil da fome, do desemprego e da retirada de direitos, o papel dos sindicatos se torna imprescindível para reestruturação e organização social. No caso dos frentistas, o poder econômico tem sido sórdido e impiedoso com a categoria. Além de travarmos por todo país embates para resguardar direitos conquistados nas Convenções Coletivas com muita luta, desde 2019 a categoria tem sofrido ataques múltiplos para que a profissão de frentista seja extinta. A coragem e a resistência norteiam o trabalho dos dirigentes sindicais da categoria, que não poupam esforços para enterrar de uma vez por todas as propostas de automação nos postos de combustíveis.
Refletir hoje é pensar no amanhã. Não somos animais em extinção, nem capa velha de proteção de bico de Abastecimento para sermos descartados do mercado do trabalho. Somos brasileiros, chefes de família, frentistas, profissão que, em muitos lares, passa de pai para filho. Temos orgulho dos nossos uniformes e vamos lutar pela manutenção dos nossos empregos. A nossa arma hoje em defesa da vida, contra a barbárie, pela manutenção de postos de trabalho, pela reestruturação social e contra a fome é o voto. Precisamos decidir o que queremos para as futuras gerações.
Eusébio Pinto Neto
Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da FENEPOSPETRO