Nos tempos anteriores à internet e à pandemia costumava-se dizer que uma imagem valia mais que mil palavras.
Esta métrica pode também ser aplicada hoje, porque um exemplo vale bem mais que muitas pregações.
Refiro-me a exemplos positivos que, embora pequenos em seus efeitos imediatos, têm uma enorme importância ao abrirem caminho para práticas equivalentes com iniciativas a serem reproduzidas.
Há dois exemplos atuais que ilustram bem estas cogitações.
Em São Paulo, o governo do Estado, criou um novo Vale Gás com auxílios emergenciais de 300 reais em três parcelas mensais para as famílias necessitadas poderem enfrentar a carestia dos botijões.
É um paliativo que ajuda os mais pobres a enfrentarem a queda e o coice da inflação de alimentos e o escorchante aumento do combustível para cozinhá-los.
No orçamento exíguo destas famílias o preço do gás de cozinha representa 10% da despesa corrente, o que é muito para quem tem pouca ou nenhuma renda, grande parte empenhada na comida.
Outro exemplo a ser destacado é a iniciativa da empresa metalúrgica Komatsu, de capitais japoneses, sediada em Arujá, na Grande São Paulo. A empresa, que fabrica peças para máquinas com alta tecnologia emprega 300 trabalhadores (60% dos quais associados ao sindicato dos metalúrgicos de Guarulhos) e, além de corrigir a PLR e os vales, concedeu um abono de 907 reais a todos os trabalhadores (piso salarial de 2.010 reais, com 14º salário) para enfrentarem as despesas extraordinárias causadas pela pandemia. O sindicato homologou o abono e trabalha para ampliar o nível de sindicalização.
São duas iniciativas pontuais que, se os exemplos frutificarem, podem ser decisivas para que mais trabalhadores e suas famílias (os desassistidos e os empregados) possam enfrentar de imediato as dificuldades e carências que os assolam.
João Guilherme Vargas Netto é membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo