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Duas grandes tarefas
segunda-feira, 23 de março de 2015
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Além da preparação das campanhas salariais em 2015, que se anunciam difíceis e devem ser enfrentadas com uma estratégia unitária nas categorias envolvidas (como já começou a acontecer com os comerciários) e da vigilância constante sobre o andamento das discussões da terceirização, o movimento sindical deve preparar-se para duas grandes lutas conjunturais onde serão testadas sua capacidade de mobilização, sua unidade de ação e o empenho na busca de aliados fora de sua base.
Refiro-me à coalizão entre trabalhadores e empresários para derrotar as medidas provisórias de arrocho e o projeto de lei das desonerações e a articulação de um amplo movimento em defesa dos empregos e dos direitos trabalhistas dos atingidos indiretamente pelo escândalo na Petrobrás e as supressões de trabalho na empresa, nas empreiteiras associadas e em toda a cadeia produtiva.
Ambas as situações guardam entre si relações conjunturais de causa e efeito e merecem ser enfrentadas conjuntamente, guardadas as devidas proporções de urgência, envolvimento e relevância setorial e regional.
Sobre a coalizão, um bom ponto de partida é o balanço do acordo entre trabalhadores e empresários pelo futuro da produção e emprego, o diálogo entre a Fiesp, a CUT, a Força Sindical e os sindicatos de metalúrgicos do ABC e de São Paulo e Mogi, que garantiu inúmeras mobilizações e um grande seminário conjunto em São Paulo, em 2011.
Aproveitando-se do empenho unitário defensivo em relação às medidas de ajuste (que tem como foco o Congresso Nacional), trabalhadores e empresários podem e devem fazer avançar sua pauta em direção às medidas concretas capazes de garantir o desenvolvimento, superando as limitações colocadas pelo próprio ajuste.
No que diz respeito às consequências funestas da apuração do escândalo na Petrobrás- consequências retratadas dramaticamente em vários veículos de comunicação, em particular, nas últimas edições dominicais do Estadão e do Globo- o movimento sindical deve adotar também uma postura defensiva, mas, sobretudo efetiva, como, por exemplo, no artigo-síntese do presidente da Força Sindical, Miguel Torres, na Folha de S. Paulo em 19 de março.
É preciso que se convoquem as representações sindicais em cada uma das regiões atingidas- como se fosse por um terremoto- e, sob o comando unitário das centrais sindicais, apresentar ao governo, às empresas, ao Congresso, ao TCU e à sociedade a exigência de garantia dos direitos, auxílio a uma eventual reestruturação produtiva, funcionamento efetivo dos serviços públicos, em especial os do ministério do Trabalho e Emprego e, sobretudo, alternativas para se evitar o afundamento das empreiteiras, da Petrobrás e de cidades inteiras (sem prejuízo das apurações e punições devidas).
João Guilherme, consultor sindical