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É falsa a divisão entre as lideranças das centrais sindicais
segunda-feira, 3 de julho de 2017
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O dia 30 de junho de 2017 entra para a história como uma das grandes jornadas de luta dos trabalhadores em repúdio às reformas trabalhista e previdenciária. E é falsa a divisão entre as lideranças das centrais sindicais.
Desde que nós, das centrais sindicais, resolvemos realizar as manifestações do dia 30 de junho de 2017, já sabíamos que enfrentaríamos dificuldades em dar um caráter de greve geral ao movimento, uma vez que é o 3º grande ato unitário e nacional em apenas 60 dias.
Já tínhamos consciência de que os trabalhadores ligados à área de transporte (metrô, ônibus, trem e aviões), não poderiam se expor tanto ao risco de tomarem multas ou perderem seus empregos. E esse segmento, os meios de transporte, é sempre um dos principais motores propulsores e de impacto em uma grande greve.
Por isto chegamos ao consenso de não convocar os trabalhadores em 30 de junho para uma greve geral, mas sim para um dia nacional de lutas, de atos, passeatas, assembleias e paralisações nos locais de trabalho. Ou seja, diversas ações de protestos contra a retirada de direitos dos trabalhadores. E foi o que aconteceu, com êxito.
Em várias cidades, em todas as capitais, trabalhadores de diferentes segmentos, metalúrgicos, químicos, empregados em edifícios, costureiras, bancários, funcionários públicos, jornalistas, professores, eletricitários, vendedores, entre outros, se envolveram na luta conscientes das ameaças que assolam a Nação.
Enganam-se aqueles que veem divisões e fissuras em nossas ações. Este ponto de vista não corresponde à verdade. Enganam-se aqueles que concluem que o dia 30 de junho foi esvaziado devido a acordos com o governo. Conversamos, sim, com parlamentares e ministros. Conversamos porque isto faz parte da ação sindical. Porque buscamos permanentemente soluções concretas e práticas para melhorar a vida dos trabalhadores. Mas não deixamos de nos opor quando necessário. Não deixamos de ir para as ruas e protestar contra a retirada de direitos.
Digo isto porque setores da sociedade que jogam contra os interesses dos trabalhadores, que visam manter seus privilégios de classe, terem se aproveitado do fato de grupos radicais, pouco representativos insistirem no tema “greve geral” para desacreditar e forjar uma divisão – que não existe – entre os sindicalistas. Está claro que a decisão das centrais não foi a convocação, nem o trabalho, para uma greve geral no dia 30 de junho. As movimentações que tivemos foram aquelas planejadas, organizadas e realizadas com sucesso pelas entidades sindicais.
Neste momento todos nós, sindicalistas, ativistas dos movimentos sociais e do campo progressista, estamos comprometidos com a luta pela manutenção dos diretos sociais e trabalhistas. Preocupam-nos, entre tantas outras questões, a jornada intermitente, os comitês de empresa sem a presença sindical, o trabalho da mulher grávida em áreas insalubres, a negociação individualizada sobre o contrato de trabalho e o financiamento das ações sindicais.
É importante esclarecer que, no Brasil, com nosso tipo de sindicalismo, os direitos trabalhistas negociados pelos sindicatos estendem-se a todos os trabalhadores, sócios e não sócios. Por isto a contribuição sindical é um compromisso de todos. É uma responsabilidade de classe. Isto fortalece o sindicato e seu poder de pressão e negociação.
Por trás do fim da contribuição sindical está uma tentativa da destruição das entidades sindicais e de classe, que são indispensáveis para o enfrentamento contra as mudanças prejudiciais em debate no Congresso Nacional. Além de todo o serviço que apenas os sindicatos prestam aos trabalhadores, são estas entidades, mantidas pelos trabalhadores, que vão às ruas, de maneira organizada, clamar por um Brasil mais justo e com oportunidades para todos.
João Carlos Gonçalves – Juruna
Secretário-geral da Força Sindical