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É possível vencer essa guerra
quarta-feira, 15 de abril de 2020
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Em tempos normais, quanto menos o governo interferir na vida das pessoas, melhor. Em tempos de guerra, ou de pandemia, quanto menos o governo interferir, pior. Pior para o cidadão, a sociedade e a economia.
Nosso governo, infelizmente, tem feito pouco, e malfeito. Veja:
1) Ajuda aos trabalhadores informais – Bolsonaro queria dar R$ 200,00, subiu pra R$ 300,00, mas acabou aceitando os R$ 600,00 definidos pela Câmara e Senado. Quais os problemas? Demora em fazer esse dinheiro chegar a quem precisa e falhas no sistema eletrônico de atendimento.
2) Apoio às empresas – O governo reduziu a margem de retenção pelos bancos, a fim de que o dinheiro seja emprestado a empresas. Mas os bancos seguram os recursos. O presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de SP, Pedro Afonso Gomes, reclama que as empresas não têm recebido o dinheiro, que ajudaria na produção e manteria os empregos.
3) Testes em massa – A Alemanha faz 15,5 mil testes por milhão de habitantes. Os Estados Unidos fazem 5,5 mil. E o Brasil? Fazemos cerca de 300 (trezentos) por milhão. Sem testes em massa, não se apura o real número de infectados, não se identificam pontos de maior incidência e, portanto, não se consegue definir uma estratégia preventiva e de combate.
4) Acordos coletivos – A Medida Provisória 936 permite reduzir jornada e salários. Mas confronta a Constituição ao tirar o Sindicato da negociação coletiva. Dois erros: a) A ausência dos Sindicatos atrasa acordos, prejudicando empregado e empregador; b) Essa ausência cria insegurança jurídica, pois os contratos podem ser questionados pelas partes.
Os dados da pandemia mostram mais contaminações e crescimento severo no número de mortos. E tudo indica que os números reais sejam muito maiores, por falta de testes em massa, porque os resultados dos exames demoram demais e pelo fato de que muitos mortos sequer tiveram exames conclusivos.
Não quero ser pessimista. Mas a realidade já acendeu o sinal vermelho faz tempo. Os governos dos Estados e muitos prefeitos têm agido com o rigor que as normas médicas recomendam. Mas o presidente Bolsonaro não ajuda e sai às ruas, desafiando o bom senso. Pior: gera atrito com seu ministro da Saúde, que tem procurado trabalhar direito.
ISOLAMENTO – Diante desse quadro, o isolamento social ainda é o meio mais seguro de se evitar contaminações. Isso não apenas desacelera o avanço da doença como também evita a sobrecarga na rede pública. Portanto, fique em casa e só saia se for inevitável.
PROFISSIONAIS – Quero, mais uma vez, mandar um abraço fraterno aos bravos profissionais de saúde. E pedir às autoridades: não deixem faltar equipamentos de proteção e insumos. Estamos numa guerra. Temos que apoiar os que lutam na linha de frente. E não economizar com a saúde. Vamos superar essa crise brutal, com fé, trabalho, cuidados e muita responsabilidade.
José Pereira dos Santos – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, secretário nacional de Formação da Força Sindical
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