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É preciso respeitar a democracia
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
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A exemplo de muitos países latino-americanos, o Brasil não tem uma democracia consolidada. Ao contrário. Da década de 30 para cá, o País assistiu a seguidas crises, com a tomada de poder pelas armas por Getúlio, seu suicídio em 1954, sabotagem à posse de Juscelino, em 1956, e derrubada do presidente Jango, em 1964.
A redemocratização acalmou o ambiente político nacional. Mas o período também viveu momentos de crise, como o afastamento do presidente Collor, em 1992, e, em 2016, a queda da presidente Dilma.
A rigor, o Brasil só voltou a ser um Estado de Direito em 1988, com a promulgação da nova Constituição, nascida de uma ampla assembleia nacional constituinte, que reuniu nomes do quilate de Lula, Fernando Henrique, Ulysses Guimarães, Mário Covas, Geraldo Alckmin, Eduardo Suplicy e tantos outros.
Foi muito difícil restabelecer as liberdades democráticas e não tem sido fácil manter o funcionamento das instituições. As crises políticas e econômicas geram descrédito entre a população. Por isso, volta e meia, surgem os supostos salvadores da Pátria, pescando em águas turvas. Há um tipo de político que nasce da crise, vive da crise e tenta prolongá-la, porque essa continuidade alimenta seu discurso e seu projeto.
A última manobra desse tipo de político é questionar a lisura do processo eleitoral e alimentar a lenda urbana de que as urnas eletrônicas são fraudadas. Vale lembrar que, em 2014, ao não aceitar a derrota para Dilma, o tucano Aécio Neves pediu recontagem de votos. A recontagem aconteceu e nada foi constatado de irregular.
Há uma maldade ardilosa nessa suspeita oportunista. Num primeiro momento, se questiona a eficácia das urnas eletrônicas, num segundo se contesta o processo eleitoral e, por fim, se joga o sistema representativo no descrédito. Ninguém pode garantir que isso não seja o roteiro para um golpe.
Diante disso, é bom ter cautela. Mas não basta. É preciso fazer a defesa enfática da democracia e do sistema representativo nascido do voto popular. Não podemos ter ilusão de que há saída fora do regime democrático. Todas as vezes em que a democracia foi golpeada, quem pagou a fatura mais cara foi o povo, especialmente os trabalhadores.
Sou de uma geração que viveu sob ditadura, quando havia censura à imprensa, perseguições a opositores e forte repressão ao sindicalismo. Vivi a transição democrática e hoje, felizmente, vivo em uma democracia, que tem defeitos, mas pode ser consertada e melhorada.
Portanto, nessa reta final de campanha eleitoral, nosso dever é reafirmar os valores democráticos, reforçar o caráter cívico do voto, ir à seção eleitoral no dia 7 e respeitar a vontade do povo expressa por meio do voto.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e Secretário nacional de Formação da Força Sindical
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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