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Educação e justiça
segunda-feira, 12 de maio de 2014
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É impossível não sentir amargura e indignação vendo o que aconteceu com Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, espancada depois de ser confundida com uma sequestradora de crianças. Ela é a 20ª pessoa assassinada em uma situação de “justiça com as próprias mãos”, este ano no Brasil. Moradora do Guarujá/SP, a mãe e dona de casa morreu devido aos ferimentos, dois dias depois de ser agredida.
Desde fevereiro, pelo menos outras 37 pessoas foram vítimas de linchamento no país. Especialistas sugerem que a repercussão do vídeo de um adolescente do Rio de Janeiro, agredido a pauladas e amarrado nu a um poste, tenha desencadeado esta onda de linchamentos, resultado da falência do estado, do sistema de segurança e justiça, da falta de credibilidade das instituições democráticas.
Estamos vivendo um momento de barbárie que nos deixa estarrecidos, mergulhados num estado de medo e insegurança, sem conseguir compreender o que faz pessoas comuns tornarem-se de um momento para outro capazes de torturar, estuprar, esquartejar, praticando todo tipo de crueldade com outro ser humano. Parece que a sociedade está doente da cabeça, confundindo justiça e vingança.
A polícia procura os culpados em meio a multidão que apreciou o espetáculo e nada fez, mas além daqueles que efetivamente agrediram, existem também outros culpados, como os legisladores que fazem leis frouxas que não punem ninguém, as redes sociais que apontam o dedo sem provas e sem consequências, a mídia que expõe diariamente superdoses de brutalidade, desconsiderando a diversidade do público e banalizando a violência que se alastra, criando uma necessidade de ação nas pessoas comuns, que explode em linchamentos e bestialidade em massa.
Como chegamos a este ponto? Através dos percentuais pífios destinados pelo governo federal aos ministérios da Educação e Cultura, através da corrupção que gangrena os orçamentos estaduais e municipais, consumindo os recursos para o estudo e instrução, ferramentas capazes de estimular um raciocínio mais lúcido, um comportamento mais civilizado.
Assim, para conter a formação destas turbas selvagens, destituídas do pensar inteligente, movidas por um puro instinto predatório, o caminho é a Educação, mas educação de qualidade. Educação que ensine valores e cidadania, que esteja presente em casa, na escola, na sociedade, no dia a dia, conquistando o aprimoramento de nossas instituições, para que o Estado possa resgatar sua credibilidade e exercer Justiça, sua função mais básica.
Helena Ribeiro da Silva, presidenta do Seaac de Americana Região e Secretaria Estadual da Mulher-Força Estadual