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Em defesa da memória das lutas e dos direitos conquistados
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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Em tempos de globalização, de valorização do tempo presente, o que muitos chamam de ‘presenteísmo’, corremos sério risco de, uma vez optando-se por esta forma de se ver o mundo, esquecermos nossas relações com o passado e, em função disto acabarmos por comprometermos o nosso futuro. Isto porque para os trabalhadores, passado é e será sempre presente.
A razão disto é o fato das nossas lutas sociais por melhores condições de vida, incluindo-se neste rol as lutas por mais emprego, aumento salarial, redução de jornada, entre outras, estarem muitas vezes sendo esquecidas, porque quando institucionalizadas, tornadas regra, acabam sendo mostradas como algo que sempre existiu. É o que fazem as empresas quando da contratação de novos trabalhadores e no afã de mostrar ‘gentileza’ e ‘vantagens’ costumam apresentá-las como dádivas por elas oferecidas, tentando passar a imagem de boazinhas e nenhuma palavra sequer sobre o porquê da sua existência.
Em nossa categoria metalúrgica as conquistas obtidas são muitas e variadas, porém todas elas atendem aos interesses dos trabalhadores e têm contribuído decisivamente para melhorar as suas condições de vida, além de oferecer dignidade a si e a sua família. O que muitos não sabem é que elas são provenientes da ação do nosso sindicato que com garra e determinação não tem medido esforço para que tal pudesse acontecer.
Como forma de justificar esta posição podemos elencar uma série de direitos que, sem dúvida alguma, encaixam-se nesta relação. A começar pela redução da jornada de trabalho de 40 horas semanais. Uma bandeira histórica da luta sindical e que na empresa General Motors de São Caetano do Sul foi conquistada pelo sindicato já há vários anos quando, pela Carta Constitucional de 1988, a jornada atual é ainda de 44 horas semanais.
Coloco ainda em destaque os aumentos salariais anuais que, por meio da luta sindical por nós realizada nesses últimos 20 anos têm assegurado reposição integral da inflação e sempre acompanhada de um percentual a mais de aumento real, como forma de recuperar o poder de compra dos salários. O último acordo salarial de 8,3%, mais abono de 1.950 reais, é considerado neste ano o melhor do Brasil. Quanto à participação nos lucros ou resultados – PLR- negociada em 2009 na GM no valor de 8.280 reais, bem como os anteriores desde 1995, quando do seu início, tem causado inveja a diversas outras categorias profissionais pelo Brasil afora. O destaque nisto tudo é o fato de a nossa luta ter ajudado enormemente a manter aquecida a produção em geral e as vendas na região do ABC a ponto desta continuar sendo o terceiro mercado de consumo do país.
O mais importante, porém, tem sido a luta que temos travado em defesa da geração de empregos e pela manutenção das empresas na região do ABC. Em particular na cidade de São Caetano do Sul e sempre no sentido de evitar que empresas como General Motors venham a se retirar da nossa base metalúrgica, ou seja, da cidade. Com ousadia e muita negociação temos conseguido não apenas mantê-las produzindo, mas, sobretudo, gerando novos postos de trabalho. Tanto é assim que entre as montadoras de veículos instaladas no ABC, a GM é hoje a que nos últimos 15 anos menos desemprego gerou. E não o fez por querer ser boazinha, mas em razão da ação efetiva do sindicato.
A razão de estarmos aqui a ressaltar todas essas conquistas se deve ao fato de por meio delas podermos lembrar aos que por uma razão ou outra esqueceram a origem desses direitos e benefícios de que gozam os metalúrgicos e, aos jovens, que estão adentrando ao mercado de trabalho, para que saibam que essas conquistas foram fruto da luta do sindicato e que para serem mantidas necessitam da sua participação, envolvimento, de modo que tudo isto esteja assegurado agora e também no futuro.
Aparecido Inácio da Silva – Cidão é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, advogado, especialista e mestre em Direito do Trabalho pela PUC/SP