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Em Defesa dos Precarizados
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
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Na discussão sobre mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em que o patronato (CNI) já entregou ao governo pacote com 101 alterações estruturais em direitos trabalhistas da CLT, “os trabalhadores precisam de mais direitos e não de menos”. A avaliação é do sociólogo e professor da USP, Ruy Braga. Para ele, o crescimento do número de acidentes e o aumento do trabalho precário é uma das conseqüências desastrosas de uma década de política econômica equivocada.
Segundo o professor Ruy revelou em recente entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, talvez até sejam necessárias algumas mudanças na CLT, mas não naqueles pontos defendidos pelo governo e pelos patrões. Essas alterações só trarão mais precarização dos direitos dos trabalhadores. Na realidade, a força de trabalho brasileira é muito barata, a mais-valia – já bastante explorada -, está no limite da exaustão; espremida pelo patronato e pelo setor financeiro, que continua a manter a hegemonia de mercado.
O que o trabalhador brasileiro precisa é de mais direitos (mecanismos contra demissões imotivadas e em massa, por exemplo) – além de um urgente programa de qualificação profissional. Ao contrário do que apregoam os arautos do trabalho precário, precisamos é de trabalho decente e não da subtração de conquistas históricas, ou simplesmente sermos trocados por trabalhadores estrangeiros “qualificados”.
É hora de ficarmos atentos ao rumo sombrio que está tomando a economia brasileira, como mostra o “pibinho” e a iminente carga inflacionária que a presidente Dilma e o ministro Mantega querem esconder a todo custo. O governo está maquiando com artifícios contábeis o difícil cenário que se desenha no horizonte, um cenário que aponta de maneira preocupante para o crescimento inflacionário.
Os dados são negativos, pois nos últimos três anos todos os índices superaram o centro da meta de 4,5%, alcançando agora, no último ano, 5,8%. E o pior é que a inflação alta atinge principalmente os trabalhadores brasileiros de renda mais baixa. Ainda por cima, aqui em São Paulo, são eles que sofrem também com a onda de violência que atinge a periferia, pois o governo tucano do Geraldo Alckmin não consegue controlar a criminalidade crescente e diz que tudo isso “é normal”.
Além disso, a inflação em alta é o mais perverso dos impostos, pois corrói o orçamento daqueles que tem menor poder aquisitivo. Por isso mesmo, o movimento sindical deve fincar bandeiras em defesa dos trabalhadores brasileiros, que já estão precarizados, na luta não só para preservar seus legítimos direitos, como também para pressionar o governo a mudar os rumos da atual política econômica. Não é hora de subtraírem direitos dos assalariados, mas sim de fortalecer o poder de compra, pois somente com um forte mercado interno a economia brasileira poderá crescer de forma sustentável, evitando assim o “pibinho” e a crescente inflação, “tragédia anunciada” neste governo Dilma. A presidente precisa ouvir urgentemente os trabalhadores, suas centrais sindicais e não somente os “grandes empresários”, como acontece nesse momento.
Joaquim José da Silva Filho, diretor da Força Sindical e Secretário Geral do SinSaudeSP