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Entre todos os caminhos, Temer vai escolhendo o pior para o Brasil
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
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O governo Temer começou, goste-se ou não dessa realidade. Não adianta brigar com os fatos. Os primeiros movimentos da nova ordem apontam para uma marcha galopante sobre os direitos dos trabalhadores.
Será preciso, sim, muito diálogo e negociação, mas, também, muita mobilização e pressão para corrigir o rumo adotado pelo presidente e seu principal ministro político, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Em meio às negociações em torno da reforma da Previdência Social, Padilha chamou a mídia para anunciar, despótico, que o projeto que o governo enviará ao Congresso vai estabelecer a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres puderem se aposentar.
Além de ser um gesto de profunda desconsideração com as tratativas em curso, realizadas entre as centrais sindicais e o próprio Padilha, no Palácio do Planalto, sob determinação do próprio Michel Temer, o projeto que ele diz estar pronto vai na direção do desmonte do pouco que se tem de proteção social no Brasil. É um verdadeiro acinte contra quem trabalha a vida inteira e projeta uma retirada minimamente digna. É deixar o trabalhador brasileiro, depois de 30, 35 anos de suor pessoal e contribuição em dinheiro, à sua própria sorte.
O que está posto pelo novo governo, logo ao completar 48 horas de empossado e tendo pela frente, como lembrou Temer, dois anos e quatro meses de mandato, é a dissociação com os interesses da grande maioria da sociedade.
A opção pelo desmonte da Previdência, que se estende para as iniciativas que buscam jogar a CLT para a letra morta da lei, não irá levar ao caminho que, em discursos, Temer aponta: superar a crise econômica e criar empregos.
Ao contrário, transformar os trabalhadores em adversários e, até, inimigos de seu governo, só vai isolar o presidente a pequenos redutos da elite, fazendo da passagem dele pelo Palácio do Planalto um desastre de dimensões históricas.
É mesmo isso que Temer quer? Ser visto, desde logo, como um presidente avesso aos interesses populares, compromissado com ‘os de cima’ e irresponsável com seu povo? Quem ganha com essa linha de ação, a não ser os especuladores e os rentistas?
Ainda é tempo para Temer ter atenção aos interesses populares, ouvir os trabalhadores, por meio das centrais sindicais e seus legítimos representantes, e corrigir uma rota que irá levar o país a uma divisão ainda mais profunda e a um fracasso econômico muito maior.
Temer deve escolher como quer ser visto pelos brasileiros no presente e no futuro. A consumação de ameaças como a feita por seu ministro Padilha irá colocá-lo, sem direito a volta, no pior caminho.
Sergio Luiz Leite, Serginho, é presidente da FEQUIMFAR (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo), sendo também 1º Secretário da Força Sindical e membro do Conselho Deliberativo do FAT/MTE