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Espaço sindical na política
quarta-feira, 29 de julho de 2015
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Dos anos 80 para cá, os trabalhadores brasileiros praticamente só tiveram como referência partidária o PT. Uma das explicações para isso está no grande carisma que levou Lula do chão da fábrica à Presidência da República.
Mas não é só isso. A ascensão petista ocorreu no período em que as forças trabalhistas estavam desarticuladas, em razão do regime militar, com muitos dos seus líderes exilados – entre os quais, Brizola, Prestes, Zé Ibrahin e outros.
O trabalhismo, fundado por Getúlio e amparado em nomes como Jango e Brizola, poderia ter ressurgido muito forte. Mas o próprio sistema cuidou de cortar essa retomada ao tirar o PTB de Brizola e o entregar a uma aliada do regime, a então deputada Ivete Vargas.
Com os comunistas, a conjuntura também era muito difícil. Além da repressão (ou assassinato de alguns de seus quadros), pesava sobre os partidos – PCB e PCdoB – o fardo da ilegalidade. Vale lembrar que a legalização das duas siglas só veio no governo Sarney, em meados dos anos 80.
Portanto, várias gerações de trabalhadores se formaram tendo o PT como referência central e os demais partidos gravitando em torno do petismo ou sem muito espaço para fazer política fora desse campo.
Nesse período, o PCB praticamente acabou, o PDT sofreu o impacto da morte de Brizola, o PTB perdeu cor ideológica, o PMDB se dilui em termos de conteúdo programático, o PSDB não consolidou um campo sindical – restando o PCdoB, que primeiro teve de se reconstruir.
De todo modo, os partidos procuraram manter algum tipo de ligação com a base trabalhadora e sindical – e outros, como o recente Solidariedade, buscaram atrair líderes do movimento para seus quadros.
No PDT, onde atuo, sempre houve vontade de organizar os movimentos sociais, entre os quais o sindical. Essa vontade, amparada no próprio estatuto partidário, vai se tornando realidade. Vejo com bons olhos a articulação do Movimento Sindical do PDT no Estado e, agora, a decisão do presidente nacional, Carlos Lupi, de eleger uma direção nacional para o movimento, em 24 de agosto, que marca mais um ano da morte de Getúlio Vargas.
Na democracia, a sociedade evolui e avança quando se organiza. Com os trabalhadores se dá o mesmo. Por isso, é importante que os dirigentes e trabalhadores procurem os partidos com os quais tenham afinidades. Procurem, militem e busquem espaço em suas instâncias.
Um partido não será forte se quiser representar apenas trabalhadores. O partido deve ser amplo, sem abrir mão de seus princípios. Mas ele será mais forte, com certeza, se propiciar espaço ao sindicalismo, aos dirigentes e aos ativistas.
José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região