Ao concluir a primeira rodada de negociação da campanha salarial de abril com a prefeitura de Guarujá, estou, como presidente do sindicato dos servidores, completamente insatisfeito com o resultado até agora.
A administração ofereceu apenas reajustes no auxílio-alimentação, na subvenção ao plano de saúde e no adicional de insalubridade. Em relação ao salário-base, nada até o final do segundo trimestre.
A resposta da prefeitura se baseia na lei 173-2020, do governo federal, que impõem perdas enormes ao funcionalismo, desde proibição de aumento salarial até o fim da promoção por tempo de serviço.
O impedimento, conforme a lei, vale até o final de dezembro deste ano. Não bastasse, por causa da reforma previdenciária do mesmo governo federal, passamos a contribuir com mais três por cento para a previdência.
Também como consequência da reforma previdenciária, dezenas de funcionários ou pensionistas, ao se aposentar, têm que optar apenas por uma aposentadoria, quando antes elas se acumulavam.
Todos esses problemas são reflexos da legislação federal que atinge na lata os trabalhadores, especialmente os servidores municipais, estaduais e federais.
É duro perceber que, ao fim da campanha salarial, não avançamos em nada. Apenas perdemos. O pior é que alguns perguntam o que fará o sindicato. Questionam ‘e agora?’.
Particularmente, respondo que o nosso Sindserv organizou reuniões e participou de protestos contra essa legislação que hoje nos massacra, principalmente as reformas trabalhista e previdenciária.
Estamos oprimidos por um governo que anunciou granada no bolso do servidor. O pior é que está para vir outro ataque, que é a reforma administrativa em tramitação no congresso nacional.
Infelizmente, sem fugir da responsabilidade, o sindicato está de mãos atadas. Porém, como diz o dito popular, não há mal que sempre dure. Seu fim depende da organização dos trabalhadores e do povo.
Não pensem que a diretoria está aqui para defender este ou aquele segmento político. Para falar a verdade, todos, de uma forma ou de outra, acabam operando contra os nossos interesses.
O que temos visto é que os mandatários são normalmente ligados ao capital nacional ou estrangeiro, aprofundando a nossa miséria, principalmente do servidor público. É preciso lutar contra isso.
Zoel é professor, formado em sociologia e presidente do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá Ver menos