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Fala correta de Miguel Torres
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
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Miguel Torres, presidente da Força Sindical, fez declaração muito feliz à revista Época, ao dizer que, nas metalúrgicas de São Paulo, mais que o impeachment de Dilma ou a queda de Eduardo Cunha, os trabalhadores querem é saber de emprego e salário. Pela minha experiência, em fábricas e demais locais onde as pessoas estão empregadas, a preocupação não é diferente.
Quer dizer que o trabalhador é alienado? Nada disso. O trabalhador brasileiro observa os movimentos políticos, mas prefere se concentrar naquilo que é fundamental para a sua vida concreta – e fundamentais são seu emprego e o poder aquisitivo do seu salário.
As pessoas, de um modo geral, estão muito desgostosas com a política e os partidos. Percebem, na verdade, que a política virou um fim em si mesmo, para atender a demandas que estão distantes do real interesse público. Olham para as disputas, em Brasília principalmente, e constatam a troca de favores, o toma lá dá cá e o moralismo de ocasião, que não convence ninguém.
O presidente da Força, além de dizer a verdade, também nos orienta. A fala de Miguel, que é um dirigente ponderado e tem formação ideológica, aponta o rumo, indicando que a ação sindical deve, neste momento, se concentrar naquilo que é concreto e prioritário.
Grandes categorias estão em campanha salarial: metalúrgicos ligados à Força; metalúrgicos da CUT; comerciários, bancários e tantas outras, somando vários milhões de trabalhadores, em todo o País. Todas buscam reposição da inflação pelo INPC, novos ganhos e, também, garantias de emprego.
Os dirigentes dessas categorias sabem que é preciso resistir à investida patronal contra a reposição das perdas e pelo arrocho salarial. As negociações têm sido difíceis, mas as direções sindicais vêm demonstrando firmeza na defesa do poder de compra dos salários e na garantia dos direitos das Convenções Coletivas.
É necessária a busca de uma ordem social e econômica mais justa, inclusive com ampliação das políticas sociais e mais investimentos na inclusão. Mas isso não será feito por meio de disputas selvagens, do quanto pior melhor.
As pessoas, os povos e a classe trabalhadora possuem instinto de sobrevivência. Sabem que a melhora de determinada situação – ou a superação de crises – requer primeiro estabilidade política. A questão de quem vai governar o Brasil no futuro deve ficar para 2018, como estabelece a lei.
Fique claro que não estou isentando ninguém de eventuais responsabilidades ou mesmo crimes. Apenas observo que, muitas vezes, devemos ouvir menos Brasília e prestar mais atenção no trabalhador.
José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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