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Fé, trabalho e sindicalismo
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
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Um Sindicato é uma coletividade. Assim sendo, representa uma categoria, que é única do ponto de vista profissional. Mas o Sindicato é também representante de um grupo múltiplo, sob os mais diversos aspectos.
Na base metalúrgica, por exemplo, temos pessoas de diferentes origens, de escolaridade e formação também díspares. Homens, mulheres, jovens, pessoas de meia idade e ainda idosos, que se aposentam e continuam a trabalhar.
Esse coletivo, quando se trata da questão religiosa, é bem variado. Nossa base tem católicos, protestantes de diversas igrejas, umbandistas, espíritas e, nos últimos anos, passou a ter crescente número de pessoas ligadas às chamadas igrejas neopentecostais.
Não é a questão religiosa o eixo central do sindicalismo. Mas a entidade de classe não pode relegar esse fato tão importante, pois quase cem por cento da categoria é de adeptos religiosos – a esmagadora maioria segue o cristianismo.
Como os religiosos veem o Sindicato? Será que o espírita tem a mesma concepção que o presbiteriano? O neopentecostal vê o Sindicato da mesma maneira que o batista? Em suma, a formação religiosa influi no modo com que um metalúrgico se relaciona com seu Sindicato? E os líderes – pastores, padres etc. – que orientação passam aos fiéis sobre reivindicações, negociações ou mesmo greves?
Levanto todas essas indagações e coloco aqui o tema em debate. Aliás, nosso Sindicato, há cerca de dois anos, promoveu encontro com lideranças religiosas. Mas, por falta de tempo e condições, não tivemos como prosseguir nessa iniciativa. No entanto, eu (que sou católico) defendo que devemos aprofundar o diálogo entre sindicalismo e religiões.
Pesquisa – A Folha de S. Paulo, dia 13, publicou uma bela pesquisa sobre a composição religiosa brasileira. Os cinco primeiros itens mostram: 1) 50% são católicos; 2) 31% são evangélicos; 3) 10% não têm religião; 4) 3% são espíritas; e 5) 2% são umbandistas, do candomblé e de outras religiões afro-brasileiras. Quanto ao universo evangélico, três indicadores chamam atenção. Primeiro, 59% são negros; depois, 58% são mulheres; e, por fim, entre os jovens – até 34 anos – os evangélicos têm boa vantagem de preferência em relação aos católicos. E no Nordeste? Pois bem, 59% são católicos e 27% se declaram evangélicos.
Volto ao sindicalismo pra reafirmar nosso caráter agregador e inclusivo, nosso cuidado com os mais frágeis, a fim de evitar a exploração do capital. A Folha entrevista um pastor da Assembleia de Deus no Norte brasileiro. Ele diz: “Deus sempre olha mais para aqueles desfavorecidos. Esse tipo de gente é mais sensível às coisas de Deus”.
Deixo aqui essas reflexões, reafirmo minha confiança no poder do diálogo e aproveito pra desejar a todos um ano de saúde, paz e prosperidade.
José Pereira dos Santos – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical