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Fechamento de fábricas
quinta-feira, 24 de março de 2016
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Guarulhos foi potência industrial. A cidade abrigava uma impressionante quantidade de fábricas, algumas com milhares de funcionários. Entre as empresas que fizeram história, estão Olivetti, Philips, Persico, WEG, Pial, Microlite e tantas outras.
Infelizmente, o esvaziamento industrial não é fenômeno local. Nem é um fato apenas econômico. Há uma luta mundial pra definir quem comanda o processo industrial e quem fica com as atividades secundárias, produzindo insumos primários.
Essa luta não é de hoje. Pra que o Brasil tivesse base industrial, foi preciso uma revolução, com Getúlio Vargas derrotando a elite dos grandes fazendeiros paulistas e mineiros. Anos depois, Getúlio retardou a entrada do Brasil na Guerra, até conseguir dos americanos a instalação da CSN, sem a qual não haveria aço para formar nossa indústria.
Houve novo ciclo de crescimento no governo JK, que, entre outros feitos, trouxe as montadoras de veículos, com a consequente criação do setor de autopeças – e o impacto dessa expansão ajudou muito Guarulhos. Como Getúlio, Juscelino foi também duramente combatido por parte da nossa elite.
O último ciclo industrial ocorreu ainda na ditadura, época em que o capital internacional se expandia e instalava fábricas em países aliados. A repressão ao sindicalismo e a política de arrocho salarial do regime estimularam essa expansão. Mas, com os estragos da crise do petróleo nos anos 70, nossa indústria parou de crescer e, na sequência, começou a encolher.
Da mesma forma que se beneficiou dos ciclos de expansão, seria improvável que Guarulhos não fosse afetada pelas crises. Isso explica em parte o esvaziamento industrial, mas não explica tudo. Nessas décadas, nossos governos pouco fizeram pela indústria, pouco cuidaram da formação da mão de obra e pouco incentivaram novas tecnologias. A indústria já representou 27% do PIB. Hoje, representa 10% e tende a cair mais.
Sem um setor de serviços consolidado e com o comércio dependendo muito do consumo dos industriários, a economia de Guarulhos perde potência. Essa decadência, a meu ver, é o principal problema da nossa cidade. E será o principal desafio do próximo prefeito, que terá a tarefa de articular uma ação efetiva entre poder público, capital e trabalho, tentando reverter a situação.
Com tristeza, vimos, em curto período, nossa base perder a WEG e a MTP. Agora, estamos perdendo a Eaton e a Maxion (antiga Borlem) – após 57 anos de Guarulhos –, sem contar as pequenas que fecham as portas quase diariamente.
Cada fábrica que fecha, é uma parte da nossa economia que vai embora. Cada emprego perdido, é um passo rumo ao empobrecimento pessoal, familiar e coletivo. Vejo muitos quererem mudar o Brasil, e é justo. Mas todas as mudanças têm de envolver a classe trabalhadora.
Entendo que devemos começar pela nossa casa. Guarulhos não pode mais perder indústrias. É preciso estancar a sangria.
José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com