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Ficar longe da crise!
sexta-feira, 13 de julho de 2012
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Há uma séria crise na Europa. A economia dos Estados Unidos também anda lenta, como mostram, por exemplo, os baixos índices de geração de emprego. A Argentina vive tumultos cíclicos, que não garantem estabilidade nas relações bilaterais. Ou seja, dos nossos parceiros comerciais de peso, só a China continua crescendo.
E aqui na América do Sul também há outros problemas. A recente deposição do presidente Lugo, no Paraguai, tem como pano de fundo a disputa por mercados. Há tempos, os Estados Unidos buscam quebrar um elo fraco da corrente do Mercosul. Primeiro, tentaram atrair o Uruguai para um acordo bilateral. Não conseguindo, os conservadores manobraram no Paraguai, onde o Presidente caiu em tempo recorde. Sintomaticamente, dias depois um deputado paraguaio divulgou tratativas para instalar uma base militar norte-americana em seu país.
O que isso significa? Significa uma conjuntura de incertezas, econômicas e políticas. Estamos vivendo uma fase de redução do ritmo da economia mundial e crescentes dificuldades na realização de negócios, até porque os países em crise tendem a proteger seus mercados.
Um indicativo de que eles protegem seus interesses está na remessa de lucros. O Jornal da Tarde, dia 4, publicou matéria mostrando que nos últimos três anos e meio as montadoras enviaram a suas matrizes US$ 14,6 bilhões. No mesmo período, elas conseguiram do governo brasileiro R$ 26 bilhões em isenção de impostos. Ou seja, fizeram de remessa praticamente todo o valor da isenção fiscal.
Não que a isenção de IPI e outros tributos tenha sido errada. Foi certa. Errado, porém, foi não exigir contrapartidas, como mais investimentos, geração de empregos e controle na remessa de recursos para os países de origem. Se metade dessa dinheirama mandada ao Exterior tivesse sido investida aqui dentro, nossa economia estaria em condições muito melhores, gerando empregos e movendo a máquina da produção.
A presidente Dilma tem adotado medidas rápidas. A mais emblemática é a queda sucessiva na taxa básica de juros (Selic). Vale destaque também para a redução nos juros e tarifas da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
Recentemente, o governo adotou um pacote em prol do médio produtor rural, após medidas de fortalecimento da agricultura familiar. A mais decisão de ampliar as compras do governo (máquinas, caminhões etc.) também é positiva.
A vitalidade da economia capitalista já foi posta à prova muitas vezes, sempre dando a volta por cima. Mas o próprio capitalismo tem se mostrado uma usina de crises, em que os principais prejudicados são os trabalhadores e os mais pobres. Estamos, ao que parece, diante de uma dessas crises periódicas, que exigem tomada de posição. E a nossa posição deve ser clara: não aceitar pagar o custo da crise gerada pelo sistema financeiro dos países ricos. Não aceitar mais a exorbitante remessa de lucros das montadoras e outras empresas, que sangram nossa economia e capitalizam as matrizes das multinacionais.
O Brasil entra numa fase conturbada de disputas eleitorais. É um período nervoso e agitado. Devemos, portanto, ter cautela. Há problemas em muitas frentes. E tudo o que não podemos fazer é importar crises, mandar para o Exterior grande parte da riqueza produzida por nós, brasileiros, e nos desviarmos do objetivo estratégico, que é crescer com distribuição de renda.
José Pereira dos Santos é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região