A democracia é o regime que possibilita equilíbrio social. Não resolve todas as desigualdades, mas possui recursos que podem tornar a sociedade mais equilibrada, justa e pacífica.
As entidades de trabalhadores sempre defenderam a democracia, por entender que o regime democrático é o que possibilita lutas, pressões e negociações entre as partes. Nesse regime, quando as partes em conflito não chegam a acordo, as instituições do Estado fazem a mediação ou arbitram soluções. É o caso, por exemplo, da Justiça do Trabalho, que tem caráter conciliatório.
No ambiente democrático, as forças vivas da Nação podem se expressar, fazer pressão legítima e também defender seus interesses legítimos. Os governantes devem estar atentos a esses movimentos, evitando criar obstáculos e atuando, sempre, na busca de soluções.
Com a Constituição de 1988, o Brasil restabeleceu o Estado de Direito, permitindo a liberdade individual e o direito de existirem movimentos e organizações coletivas desatreladas do Estado. A Constituição tem forte conteúdo social e um espírito conciliatório e tolerante. Até por volta de 2013, esse espírito de tolerância e conciliação vigorou entre nós. Mas, por razões que não cabe discutir aqui, esse sentimento vem perdendo força nos últimos anos.
A arrogância de uns, a prepotência de outros, criaram um ambiente hostil em muitas áreas da sociedade, estimulando uma desmedida agressividade ao debate político, intolerância ideológica e mesmo preconceito contra grupos minoritários.
Eu vejo essas situações com preocupação e lembro que foi contra a intolerância e a violência que os brasileiros lutaram pelo fim da ditadura, pela volta do Estado de Direito e por uma Constituição socialmente avançada e politicamente progressista.
Semana passada um grupo de direita invadiu a Mesa da Câmara dos Deputados, com palavras de ordem agressivas e postura antidemocrática. Saúdo as Centrais Sindicais que, de pronto, emitiram nota de repúdio, lembrando que sem tolerância e debate democrático não tiraremos o Brasil da grave crise econômica e política onde nos encontramos.
A pior forma de construir o futuro é ficar perdido na discussão interminável sobre os culpados por erros do passado. Quando vou a uma porta de fábrica ou participo de reunião com trabalhadores, vejo que todos, sem exceção, querem resolver os problemas do presente e avançar para um futuro melhor. São pessoas simples e práticas. Eu penso que quando os líderes mais expressivos não orientam os rumos é no povo simples e nas forças vivas da Nação que devemos nos orientar.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical
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