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Gestão: o problema sistêmico da Saúde
terça-feira, 11 de outubro de 2011
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Há, em verdade, uma abundância de verbas que se desviam da real finalidade, que é salvar e proteger a vida humana.
A descoberta de sucessivos casos de corrupção no serviço público e o novo posicionamento do Brasil no cenário econômico mundial enfraquece a crença de que os problemas de atendimento de saúde à população têm origem na falta de recursos. Há, em verdade, uma abundância de verbas que se desviam da real finalidade, que é salvar e proteger a vida humana.
De todas as pastas, a saúde é a mais sensível à crônica crise de gestão que vem engessando a máquina administrativa. Filas nos hospitais e postos de saúde, demora entre o agendamento e a realização de consultas e exames e falta de médicos são defeitos do Sistema Único de Saúde (SUS) apontados pelos próprios usuários do serviço, conforme pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada em fevereiro. O levantamento, realizado entre 3 e 19 de novembro de 2010, listou 2.773 pessoas que foram atendidas pelo SUS ou acompanharam alguém.
A falta de médicos figurou como principal reclamação de 57,9% dos entrevistados, seguida pela demora para o atendimento nos postos, centros de saúde e hospitais (35,9%). A espera para conseguir consulta com especialista foi a queixa de 34,9% dos ouvidos, fato que confirma o acesso como principal problema da saúde no Brasil. Tanto que 72,4% dos usuários avaliaram positivamente os serviços do SUS, atestando a qualidade no atendimento.
O sindicalista Marcelo Furtado, que precisou de atendimento de urgência e penou até conseguir, está entre os entrevistados que afirmaram possuir plano de saúde, dos quais 40% disseram pagar pelo serviço de saúde privado para obter maior rapidez na realização de consultas e exames.
Até que o programa Saúde da Família se aproxime de cobertura semelhante à existente em Portugal, Inglaterra e Espanha, na faixa de 85%, será difícil pensar em acabar com as filas. No Brasil, o primeiro atendimento – o que é feito na casa do paciente – cobre cerca de 30% da necessidade. A atuação dos médicos da família organiza o acesso ao sistema, quando identifica e faz o acompanhamento pré-natal, orienta cuidados com doenças crônicas e de idosos.
A promoção de ajustes imediatos em nível nacional na política de assistência do SUS se torna imperativa, sob pena de comprometer a universalização do acesso à saúde no Brasil e gerar conseqüências graves à saúde e à qualidade de vida da população brasileira.
Clàudio Janta, Presidente da Força Sindical-RS