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Guindaste cai. Mortes no Itaquerão. Quem é que vai pagar por isso?
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
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A queda de um guindaste fez com que uma peça da cobertura do Itaquerão desabasse no começo da tarde do último dia 27 de novembro aumentando ainda mais o índice de acidentes fatais que aflige o setor da Construção Civil, pois dois operários morreram na ocorrência.
Parte da arquibancada do futuro estádio do Corinthians foi destruída.
A pressa pode ter sido, no caso a inimiga da perfeição, pois a obra tinha prazo de entrega para dezembro deste ano e fará parte das arenas a serem utilizadas na Copa do Mundo de Futebol de 2014.
Muito corretamente, o Sindicato dos Trabalhadores de Indústria de Construção Pesada já pediu ao Ministério do Trabalho e Emprego o embargo da obra do Itaquerão.
Para representantes da entidade, é certo que a obra deve ficar paralisada até o final da perícia policial porque esse é o procedimento padrão em caso de mortes.
Infelizmente, pela vasta experiência que tenho como presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, trata-se de mais um caso onde a gula por lucros e oportunidades se impõe aos direitos dos trabalhadores.
Recentemente, na órbita do nosso Sindicato, que não é a mesma do da pesada, tivemos a queda do prédio que vinha sendo construído pela Salvatta Engenharia na Avenida Mateo Bei, em São Mateus, onde morreram 10 pessoas e outras seis ficaram feridas.
Isso já tem bons pares de meses que aconteceu. Fizemos greves, passeatas, fomos pedir satisfação junto aos órgãos públicos responsáveis, deles tirando a promessa de que tudo seria esclarecido rapidamente com a punição dos responsáveis etc. etc. Nenhum resultado até agora…
O que nos preocupa, além, óbvio, do crescente número de mortes e mutilações no setor, é a morosidade da Justiça.
Se o planejamento de obras que desmoronam demorasse tanto quanto a realização da perícia, certamente viveríamos no melhor dos mundos, sem situações tão desagradáveis como essas.
É de se perguntar qual o motivo de tanta lerdeza na apuração dos fatos? Que não sejam motivos corporativos é o mínimo a se esperar.
Estamos irmanados com o Sindicato de Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada.
Também queremos, assim como toda a sociedade, saber o motivo do desastre no Itaquerão.
É preciso acabar com a impunidade em nosso País.
Ninguém aguenta mais tantas falcatruas. Negociatas que começam na supervalorização de obras (onde é aplicado dinheiro público a rodo) e terminam com morte de trabalhadores submetidos a tratamento desumano.
Antonio de Sousa Ramalho
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo e deputado estadual (PSDB)