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Artigos
História e Memória
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
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As pessoas e os povos precisam de identidade. Precisam ter referências, seja nas relações particulares, seja por meio de vultos históricos, hábitos ou fatos políticos. Essa identidade propicia segurança pessoal, possibilita uma visão de mundo e orienta na tomada de decisões, individuais ou coletivas.
O conhecimento da história não é, no entanto, um ato simples, como abrir um livro e ler sobre um fato histórico. Isso porque o autor do livro, por mais independente que seja, não terá como escrever sem se deixar influenciar por sua formação política, religiosa ou mesmo origem étnica.
Assim, o conhecimento e o domínio da história pertencem ao mundo da política. Os dominadores tentam impor sua visão da história, conforme seus interesses; os dominados resistem, para que sua história não morra e suas identidades persistam.
Falo tudo isso pra comentar um fato recente, que foi a mudança de nome do popular Minhocão, em São Paulo. A obra foi erguida no auge da ditadura, dentro de uma visão tecnocrática, sem levar em conta a questão urbana e mesmo a vida das pessoas que moravam ao longo dos 2,5 quilômetros de extensão da obra. Paulo Maluf, prefeito biônico da Capital, deu ao elevado o nome de Costa e Silva, o segundo general da linha sucessória do regime militar. Fez um agrado ao então dono do poder.
Pois bem. A Câmara de Vereadores de São Paulo e o prefeito Fernando Haddad mudaram o nome, e o Elevado agora é Presidente João Goulart, o Jango, derrubado pelo golpe de 1964; o Jango nacionalista; o Jango progressista; o Jango que propunha as reformas de base, que teriam transformado o Brasil e criado condições para o progresso econômico com justiça social.
Domingo, um grupo de amigos fez uma Caminhada Cívica no Elevado e um grupo de dirigentes dos Metalúrgicos de Guarulhos lá esteve. Eu, Heleno, Célio, Evandro, Knupp, Lula, Pepe, Fala Mansa, Carioca, Chorão, Madeira e outros companheiros fomos homenagear o Presidente Jango e levar nosso abraço a João Vicente e Denize Goulart, que vieram a São Paulo prestigiar a homenagem ao pai, no Dia dos Pais.
Lá estiveram outros ativistas da democracia, como Audálio Dantas, Sérgio Gomes, Antonio Funari Filho, Eduardo Suplicy, Luis Nassif, José Luiz Del Roio, Milton Cavalo, Jamil Murad, Eliseu Gabriel, Amelinha Teles, irmanados no compromisso de recompor a memória nacional e valorizar as conquistas democráticas.
Quero aqui saudar os organizadores da Caminhada Cívica. Jango merece ser mais conhecido pelos brasileiros, especialmente os jovens trabalhadores. Em Guarulhos, demos o nome de João Goulart ao auditório na sede do Sindicato. O presidente licenciado do Sindicato, José Pereira dos Santos, e o vereador Heleno Metalúrgico batalham para que um bem público, de preferência uma escola, venha receber o nome do grande trabalhista, que tinha entre as prioridades das reformas de base a Reforma da Educação.
Jango vive. E suas ideias são muito atuais.
Josinaldo José de Barros (Cabeça)
Presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: josinaldo@metalurgico.org.br
Face: www.facebook.com/josinaldo.cabeca.1