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Indústria à beira do abismo
quarta-feira, 24 de julho de 2019
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A notícia não está em nenhum blog sindical ou de esquerda. Ao contrário, foi chamada de primeira página do jornal O Estado de S. Paulo e manchete do seu caderno de Economia, domingo, dia 21 de julho.
O número, mostra a reportagem, é o mais alto em uma década e ficou 12% acima do verificado no mesmo período do ano passado, quando o fechamento havia ficado em 2.079. Mais: entre 2014 e 2018, o PIB industrial brasileiro recuou 14,4%.
Por que uma indústria fecha? Por muitas razões. Pode ser porque ela foi mal gerenciada. Talvez por ter ficado defasada tecnologicamente. Ou, quem sabe, pelo fato do País não ter política industrial e preferir deixar morrer a sua base fabril.
O jornal não mostra quantos empregos, diretos e indiretos, foram perdidos. Mas informa que, entre as empresas fechadas, havia muitas consideradas grandes, “de 300 a 400 funcionários”, diz o texto assinado pela repórter Cleide Silva.
Não existe, rigorosamente não existe, um único país no mundo que tenha ficado rico e se tornado forte sem possuir base industrial. Não vale citar a Suíça, porque ela se apoia na neutralidade diplomática e por ser o local onde os ricaços abrigam o dinheiro.
Estados Unidos têm forte base industrial; Alemanha, Japão, França, Inglaterra, Itália, Coreia do Sul e, claro, a China, também se apoiam na indústria, conforme o nível tecnológico e as condições geográficas locais.
O Brasil foi durante séculos mero exportador de madeira, de ouro, de café e de algodão. Getúlio Vargas rompeu esse ciclo com a Revolução de 30 e o Estado Novo. Seu segundo mandato, interrompido em 1954, também deu forte impulso à indústria de base e a outros segmentos produtivos.
Até meados dos anos 90, nossa base industrial se expandiu. Depois, devido à adesão incondicional do Brasil à ordem neoliberal, a indústria passou a encolher. O governo Temer foi seu algoz mais cruel e Bolsonaro segue os seus passos. Aliás, Temer disse: “O governo Bolsonaro está indo bem porque segue o meu”.
O que fazer? Uma das principais bandeiras do sindicalismo é retomar o crescimento, centrado na recuperação da indústria, a começar pela construção civil, que gera muitos empregos. A Força Sindical tem participado de debates com a CNI, buscando saídas para o setor produtivo. Não sabemos se eles terão resultado prático. Mas representam um esforço de romper a inércia e recolocar o País no rumo do crescimento.
E o governo? Deve ser cobrado e chamado a cumprir seu papel. Ou assume uma posição ativa ou empurra de vez o Brasil para a condição de colônia. Ou seja, de país barato, com ativos baratos, mão de obra barata, servindo aos altos lucros do grande capital. Se fizer isso, o governo cometerá um crime grave, que é o de lesa-Pátria.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical