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Isenção do IR é vitória da luta sindical. Agora, rumo ao fim do 6×1
quarta-feira, 8 de outubro de 2025
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Por Eduardo Annunciato – Chicão
A aprovação, por unanimidade, na Câmara dos Deputados, do projeto que amplia a faixa de isenção do IR – Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil e concede desconto para quem ganha até R$ 7.350 mensais, representa uma vitória histórica da classe trabalhadora. Essa conquista é fruto direto da mobilização social e sindical e não pode ser vista como uma dádiva: ela nasce da luta.
É importante destacar que a isenção do IR foi um compromisso assumido pelo presidente Lula durante sua campanha eleitoral. Não se trata, portanto, de surpresa ou favor, mas de resposta a uma demanda que a classe trabalhadora organizou e apresentou ainda em 2022, durante a Conclat (Conferência da Classe Trabalhadora). Ali, as centrais sindicais entregaram ao então candidato Lula uma plataforma unificada de reivindicações. Entre os pontos centrais estava justamente a justiça tributária, com a atualização da tabela do IR e o fim da cobrança injusta sobre quem ganha pouco, enquanto os mais ricos seguem privilegiados.
Agora, a aprovação na Câmara mostra que a mobilização funciona. Ela atinge diretamente grande parte de Eletricitários, cuja média salarial varia de R$ 2.800 a R$ 3.700. Com a nova regra, muitos deixarão de ter desconto na folha de pagamento e passarão a ter mais renda disponível para sustentar suas famílias, movimentar a economia e viver com mais dignidade. É uma vitória concreta, que melhora o presente e aponta para um futuro mais justo.
Mas a luta não termina aqui. Seguiremos mobilizados para enfrentar outras distorções, como a taxação de dividendos, a atualização anual da tabela do IR e o fim da tributação sobre a PLR, que hoje penaliza os trabalhadores enquanto grandes empresários seguem isentos. Queremos um sistema tributário progressivo, que cobre mais de quem tem mais e alivie a carga sobre quem carrega o país com seu trabalho.
Outro ponto que precisa entrar com força na agenda é o fim da jornada extenuante em regime 6×1. Essa prática, comum em setores como o comércio e a gastronomia, precariza a vida de milhares de jovens e trabalhadores, que chegam a cumprir jornadas de 12, 14 horas por dia, de segunda a sábado, com apenas um domingo de descanso. Isso não é vida. Defender o fim do 6×1 e a redução da jornada de trabalho é defender mais oportunidades de emprego, menos adoecimento, menos absenteísmo e mais qualidade de vida.
Essa vitória no Imposto de Renda nos mostra que é possível avançar quando o povo se mobiliza. Nada cai do céu: tudo é fruto da luta. Por isso, é hora de comemorar, mas também de reforçar a organização e a unidade da classe trabalhadora. A justiça tributária conquistada agora precisa se expandir para outras áreas da vida social, garantindo que os trabalhadores tenham mais tempo, mais renda e mais dignidade.
Seguiremos firmes, com a mesma energia que conquistou a isenção do IR, na luta pela redução da jornada e pelo fim da escala 6×1. Essa é a próxima grande batalha, e tenho certeza de que, juntos, vamos vencer mais essa.
Eduardo Annunciato – Chicão
Presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo e da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente – FENATEMA
Diretor de Educação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI)
Vice-presidente da Força Sindical